segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Música e mulheres

Todo cara luta por uma menina...

Pois é. Todo cara luta por uma menina, meu caro amigo monocromático. E todo cara ouve música, e todo cara, meu caro, vai associando música e mulheres. Ouve uma música, lembra duma garota. Vê a garota na rua, cantarola a música.

O cara que tem evitado escrever tem uma lista dessa, guardada no armário da mente dele. É uma letra meio difícil de entender, porque são coisas escritas com pressa, mas vou colocar aqui um pedaço do que entendi.

É, eu sei, é algo pessoal dele. Mas e daí?

Sabe o que tava escrito junto com as músicas? Um verso dele que diz: "Eu ia te contar um segredo, mas esquece... afinal, pra que um segredo serve? "


- x -

O quêêêêê... que essa criança tá fazendo ai, toda mocinha?

- Oi.
- Ah, olá, Fernandim!
- Oi, Loyanne... ué, o que você tá fazendo aqui?
- Ah, estava indo pra academia. Fazer Lamba. E você?

Já sabe rebolar.... e hoje em dia, quem não sabe?

- Eu tava indo lá comprar pão pra minha mãe. Posso te acompanhar?
- Ué, mas a padaria não é pro outro lado?
- É, é sim. Mas não tem problema não.
- Mas você vai andar muito!
- Mas vou estar contigo.
- Hã?
- Ah, deixa pra lá...

- x -

Ela estava lá... com o caderno dela. Final de ano, ela escrevendo coisas no caderno. Assinaturas, mensagens de amigas, coisas do tipo. No ponto, esperando o ônibus...

- Oi... - Ele disse.

Eu me ensaio, mas nada sai... o seu rosto me distrai

- Oi. Tudo bem? - ela disse

Sei que tento me vencer, e acabar com a mudez...

- Uhum. É... - ele respondeu.

Quando chego perco, esqueço tudo e não tenho vez...

- Que foi? - ela.

- Jéssica, posso pedir uma coisa?

- Fala, ué.

- Ah... é que... me empresta seu caderno?

- Uh? Tá, ué...

Me consolo, foi errado, o momento talvez
Mas na verdade nada esconde essa minha timidez


Ele abaixa e escreve os versos acima no caderno. Entrega o caderno nela, e ainda abaixado, encosta a cabeça no colo dela, dizendo um baixo "você se importa?"... ela sussurra "sem problemas"...

- Esses versos são seus? - ela perguntou, ao olhar no caderno o que ele escreveu.

- Nada, é uma música. Biquini Cavadão.

- São bonitos. Gostei. Bem sua cara.

- É, eu sei...

...

- Sabe de uma coisa? - Ele diz, por fim.

- O que?

- Sabe, é o que eu queria era isso, ficar aqui contigo, no seu colo.

Ela ri. E sorri.

- Mas... só isso? - ela pergunta.

- Ah... - ele olha pra ela. E fica sem responder.

Na verdade nada esconde essa minha timidez


- x -

Ele estava voltando de São Paulo em um ônibus.

Olhava pela janela e pensava...

"Será diferente agora... as coisas mudaram.
Posso encontra-lá dessa vez e ser tudo diferente. Sei lá, deixar ela com raiva. Raiva, não, decepção. Posso acabar decepcionando ela. Acabou dando errado.
E conversar com ela, nesses momentos, era tão bom. Seria uma pena, uma pena mesmo.
Ah, mas não dá pra ficar assim. Não pode ficar só assim...
Que seja, pode tudo mudar, a música será a mesma.
Só os versos continuam, pelo jeito..."

Nós dois temos os mesmos defeitos...
Sabemos tudo ao nosso respeito...


E ele enxugou uma lágrima, disfarçando.

Pra ser sincero... prazer em vê-la... até mais

- x -

Agora, voltando pra casa dela. Ele, bem longe de casa. Ela, pensando em qualquer coisa.

- Canta pra mim? - diz ela, de mão dadas com ele.

Ele ri.

- Ah, mas... eu sou sem ritmo, Lil.

- Eu sei. Mas eu gosto quando você canta.

- Ah... obrigado. Tá bom então. Hmn... vejamos... que tipo de música?

- Você que sabe.

- Hmn... ♪Às vezes se eu me distraio... se não me vigio um instante...


Me transporto pra perto de você...

E até hoje é assim quando ouço essa música, girl.

- x -

I close my eyes.. only for a moment, and this moment it's gone...
All my dreams.. pass before my eyes, a curiosity...


Essa música aqui não tem história não, mas em compensação, tem um link pra vocês conheceram a moça que me lembra a música.

com vocês, http://www.vivianebotelho.blogspot.com/

- x -

O rock acabou, melhor ligar sua tv.
Ela nunca está.
Ela nunca vai entender.


Ele olhou pra cima. Era carnaval, era uma noite de merda, era bebida que não acabava. O rock tinha acabado, amigos. E nem era hora ainda de voltar pra casa.

Aí, nisso de estar na praça, olhar pra cima, distraído, ele vê ela dando tchau. Ele retribui.

Eu gosto da sua saia sim
Vem deitar perto de mim...


Ele então, deseja bem desesperadamente que ela desça pra vir falar com ele. Naquele momento, ele abraçaria ela, olharia e diria toda verdade. Algo como "fica comigo. Pra sempre. Fica aqui."

Bem, ela não lia pensamentos.

Ou lia, Stéph?

- x -

- Hmn... tá aqui seu livro.

- Ah, obrigada. Eu tenho que ir daqui a pouco ir lá cuidar do alê, então...

- Entendo... me diz uma coisa?

- O quê?

- Tem tanta diferença entre amor e amizade assim?

Porque não eu, aaah, aaah, porque não eu?
Porque não...♪

E silêncio...

E ela:

- Namorados fazem uma coisa, amigos outra coisa. Não confunda as coisas.

- x -

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Quinta-Feira

Isso me lembra Stephen King... porque ele escreve sem medo. Ele vai entrando no pensamento e escrevendo ao mesmo tempo, e eu não sei fazer isso. Ele vai assim, ó, falando coisas como masturbação, sanguinolência, vontade de matar a própria mãe... e eu não. Eu paro, olho pro que escrevi, penso em você. Morro em você. Corto ali, tudo que você cortaria. Mato cada subentendido como se fosse parte proibida, mato cada segredo que você enjoaria ao ver.

MATO... MATO... como se fosse minha única alternativa. Eu me censuro ao ponto de ter que beber pra me libertar. Me liberto ao ponto de me arrepender de me censurar....

Entende?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

De 0 a 10.

Ah, recebi dois comentários bem "literários" lá no autores essa semana. Quanto mais literários os comentários se tornam, mais eu acho que tô lidando com gente grande.
E o ego murcha mais que documento de japônes no frio, sabe como é.

Tá, tá, melhor que nada, eu sei. Mas eu tenho que surpreender esses caras.
Aliás, vou explicar minha escala de elogios que espero ouvir. De 10 até 0, funcionaria assim:

Foda pra caralho! = 10

Foda. = 9

Você mesmo que escreveu isso? = 8

Queria ter escrito isso. = 7

Nossa! o.o! = 6

Maneiro... (ou Interessante, Legal ou qualquer adjetivo parecido) = 5

Gostei! = 4

Maneirinho ( ou Legalzinho, ou qualquer adjetivo parecido, mas no diminutivo) = 3

(reação de silêncio antes)... Hmn... é, não tá ruim não = 2

Ah, adorei, mas teve coisas que não entendi! = 1

Sem comentários! = 0

- x -

Isso aí é um rascunho, que nem inclui os comentários literários, porque não sei se eles são elogios. Mas enfim, captou a ideia?

É assim que entendo as coisas.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Bebi e

vomitei.

Não é motivo de orgulho, e por isso vai ficar aqui pra eu sempre lembrar.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Resposta atrasada pro Paulo Coelho

O mago perguntou:
O que é alegria,
Onde está a magia
E o que será amor?

Responderei
Do jeito que sei:

Meu senhor
Alegria é dívida paga
A magia está
No rebolar da maga
E amor será uma palavra
Que perderá aos poucos o valor.

Respondi.. e daí?
Se disso tudo
O mago já sabia
E só perguntou
Pra testar minha teimosia
Que finjo com louvor
Que sei o que é alegria
De que já vi magia
E entendo de amor.

domingo, 28 de novembro de 2010

...

E ela respira bem fundo, pra se controlar. Como ele pode fazer uma pergunta dessas? Como ele pode? Arhhg. Ela sente uma vontade incrível de só vociferar e xingar, punir ele com palavras por perguntar coisas que testam a paciência dela.

Ela suspira bem fundo e responde:

- Nada, não é nada.

E daqui em diante, cabe a ele reagir a isso. Ou ele repete a pergunta, pra ver ela explodir tudo que segurou naquele suspiro ou fica quieto, pra deixar aquela coisa acumulada fazer mal à ela. Até o ponto que...

Bem, você sabe o que acontece. Não sabe?

sábado, 27 de novembro de 2010

Não é que ele tem evitado escrever.
Mas ele tem que escrever e tem que não ser obrigado a nada ao mesmo tempo.
Ele não quer se prender ao que escreve, apesar da ideia de compromisso não lhe incomodar assim.

Tá, não é bem isso.

Ele tem evitado escrever sim.

Está fugindo do papel.
Porque? Ah, é porque ele é igual a todo mundo. Dá sempre a mesma desculpa. Aquela desculpa de quem evita algo que não deveria:
Está esperando algo que valha a pena.

Enquanto isso, acumula rascunhos. Versos incompletos, ideias para textos...

Toda pessoa tem o direito de se explicar. E agora que ele se explicou, se me dão licença, daqui em diante eu tomo conto disso. E sou eu que vou escrever agora.

Prazer.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Porque a vida também é Roleplay

Se fossemos personagens em GURPS...

- x -

Nome: L.F

HT: 9 / ST: 8 / DX: 10 / IQ: 15

Vantagens: Talento pra Matemática, Facilidade para Línguas NV 3

Desvantagens: Distração, Timidez (Grave), Pacifismo (apenas auto-defesa), Vontade Fraca NV 3, Fobia grave (Acrofobia)

Principais Perícias: Inst. Musical (Violão) 12, Poesia 14, Literatura 13, Boemia 11, Jogo 11, Oper. Comp. 12, Língua (Inglês) 13, Escrever 13, Linguística 11

Frases: "Olha o ponto positivo..."; "Pois é... mas poderia ser pior"; "Desculpa."

----------------------------------------------------

Nome: B.L.

HT: 9 / ST: 9 / DX: 11 / IQ: 14

Vantagens: Bom Senso, Talento pra Matemática

Desvantagens: Intolerância, Alcoolismo

Principais Perícias: Arquitetura 11, Jogo 14, Oper. Comp. 13, Boemia 12, Lábia 13, Matemática 12

Frases: "Não fode, porra!" ; "É pouco pra corno" ; "Isso ae, champz."

- ---------------------------------------------------

Nome: R.R (aka Super)

HT: 12 / ST: 11 / DX: 10 / IQ: 12

Vantagens: Carisma NV 3, Empatia.

Desvantagens: Compulsão (Rir)

Principais Perícias: Dança 14, Dissimulação 13, Lábia 12, Inst. Musical (Violão) 12, Oper. Comp. 11

Frases: "Disso que gosto!" ; "Fala, comédia!" ; "É que mudei de dieta: agora só tô comendo galinha e piranha"


----------------------------------------------------

Nome: V.L (aka Gazelão)

HT: 12 / ST: 10/ DX: 11 / IQ: 10

Vantagens: Aparência (Atraente), Recuperação Alígera

Desvantagens: Excesso de Confiança, Luxúria, Compulsão (Mentir)

Principais Perícias: Oper. Comp. 11, Boemia 12, Sex-Appeal 13, Inst. Musical (VIolão) 11, Capoeira 11

Frases: "Tá uma uva!" ; "Auspicioso!" ; "Porque você não morre?!"

----------------------------------------------------

Nome: Lucca

HT: 12 / ST: 13 / DX: 14 / IQ: 10

Vantagens : Empatia com Animais, Aparência (Agradável), Hipolagia

Desvantagens: Honestidade, Senso de Dever, Impulsividade

Principais Perícias: Veterenirária 10, Cavalgar 14, A.Animais 12, Desenho 14, Pesca 12, Naturalista 12, Artes Marciais 13, Motociclismo 11, Natação 12

Frases: "Fernandinho, você tem que arrumar um emprego!"; "Ê seu zé minhoca!"; "Cacetada!"

----------------------------------------------------

Nome: M.C. (aka Barrasquinho)

HT: 13 / ST: 14 / DX: 10 / IQ: 10

Vantagens: Rijeza

Desvantagens: Fanfarronice, Mau Humor, Impulsividade, Código de Honra (Chevrand)

Principais Perícias: A.Animais 14, Cavalgar 13, Briga 14, Condução (Carro) 13, Conhecimento de Terreno (Chevrand) 14, Laço 12, Boemia 11, Sex-Appeal 12

Frases: "Chupa!"; "Lambeu de porrada" ; "O que o homem não faz por um pedaço de carne mijada?"

----------------------------------------------------

Nome: V.B.

HT: 12 / ST: 10 / DX: 9 / IQ: 12

Vantagens: Aparência (Atraente), Empatia, Voz Melodiosa

Desvantagens: Paranóia, Pacifismo (Auto-Defesa), Timidez (Suave)

Principais Perícias: Escrever 12, Fotografia 14, Trato Social 12, Atuação 12, Cantar 14

Frases: "Nossa, cara!" ; "Aaah não!" ; "Caraca!"

----------------------------------------------------

Nome: S.W.

HT: 12 / ST: 9 / DX: 11 / IQ: 13

Vantagens: Aparência (Atraente), Bom Senso, Força de Vontade NV 3

Desvantagens: Compulsão (Ciúme), Preguiça, Segredo (Leve)

Principais Perícias: Detecção de Mentiras 13, Lábia 14, Leitura Labial 14, Culinária 12, Antropologia 10, Pedagogia 12

Frases: "Uh!" ; "É pra mim?" ; "Minha mãe não vai deixar."

----------------------------------------------------

Nome: J. M.

HT: 11 / ST: 9 / DX: 9 / IQ : 11

Vantagens: Aparência (Atraente), Empatia, Intuição, Empatia com Animais

Desvantagens: Distração, Compulsão (acredita estar acima do peso), Código de Honra (Feminista), Dependente (Seu filho)

Principais Perícias: Escrita 13, Manha 12, Dissimulação 14, Culinária 12, Psicologia 11

Frases: "Entendo" ; "Odeio esse tipo de gente" ; "Estou me acostumando com a solidão."

----------------------------------------------------

Nome: D. T.

HT: 9 / ST: 9 / DX: 11 / IQ: 15

Vantagens: Ouvido Aguçado NV 3, Memória Eidética (Nv 1), Aparência (Agradável)

Desvantagens: Teimosia, Maníaco/Depressivo, Disopia (míope), Mau Humor

Principais Perícias: Filosofia 14, Matemática 13, Oper. Comp. 13, Escrever 13, Teologia 12, Dissimulação 16, Boemia 11, Ins. Musical (Violão) 11.

Frases: "Hmn..."

----------------------------------------------------

Nome: Gogó

HT: 10 / ST: 9 / DX: 9 / IQ: 12

Vantagens:

Desvantagens: Azar, Mentir Compulsivamente, Cobiça, Fantasia (acredita saber jogar Dota bem), Paranóia

Principais Perícias: Lábia 11, Dissimulação 12, Trato Social 12, Op. Comp. 12, Jurisdição 10

Frases: "Se isso for verdade, eu dou meu cu" ; "BaN.Sexy chegou!" ; "Todo mundo quer me passar a perna!"

----------------------------------------------------

Bem, eu poderia ir fazendo personagens e personagens, quase todos diferentes em alguma coisa, quase todos muito parecidos.
Os personagens estão aí. Peguem as fichas, vamos jogar.

sábado, 6 de novembro de 2010

O café estava acabando. Chovia lá fora.
Era dia, uma manhã cinza. A mesma música estava tocando já tinha mais de horas.
Quase um ritual de escritor.

Se você não se importa, quero te pedir uma coisa.

Quero que você acompanhe o processo, acompanhe o passo-a-passo de como nasce um texto chato daqueles que nem eu consigo ler até o final. Um texto, que acidentalmente, vai se tornando obscuro ao invés de profundo, que vai se tornando sincero ao invés de interessante, que vai se mesclando comigo ao invés de parecer contigo.

Porque, além do café, da chuva, da manhã cinza e da música, quero que você me imagine. Ou imagine a si mesmo(a) sentado aqui, com a cabeça abaixada, os braços cruzados, o rosto encostado nos braços. E no fundo, no fundo, você tentando não prestar atenção em nada, só nos próprios pensamentos. Você imagina um campo, uma casa, um cenário. Uma lareira. Tenta buscar coisas quentes, mensagens positivas, cenas diferentes.

Levanta o rosto, olha pro papel em branco. "Não, não é isso", pensa. Toma outro gole do café que está esfriando, ergue os olhos, enfrenta o papel de novo.

Um "pra quê estou fazendo isso?" passa pela sua cabeça.

Você escreve três palavras:

Acho que encontrei.

"E agora, José?" é o que você diz pra si mesmo, lembrando dos versos tão famosos.

Aí você lembra pra quê está fazendo isso. E guarda segredo, acha que é errado, suspeita de ser um invejoso. Como um invejoso pode escrever sem sentir-se culpado?
E vem a culpa.
E você lembra: "Não, isso não é pra mim, isso não é por mim, não vou escrever só pra mim. Vou escrever algo que alguém queria ler".

E você, daqui, da sua cabeça, começa imaginar como o outro deve ser. "O que será que as pessoas estão fazendo?" lhe vem a cabeça.

O café acaba. Você abaixa a cabeça de novo. A música continua, parte do ambiente. Aliás, até você vira parte do ambiente, vira cenário. E o que se passa são as pessoas que você conhece: uma garota que gosta de escrever, um amigo que só joga poker e não tem paciência pra ler nada, um professor que procura algo que você não sabe, uma outra garota que tem olhos inconfundíveis, um outro amigo que só ouve funk e aquelas coisas que colocam pra ele ouvir, e aquele colega de trabalho que só fala de problemas, e vai indo....

Você cansa, então, de tentar pensar nas pessoas. Tenta não generalizar, mas vai se tornando complicado.

De novo, o papel. Ainda está lá escrito as suas palavras.

Acho que encontrei.

Bate uma vontade insuportável de apagar as três palavras. Não adianta, isso não vai sair daí. Eu não encontrei, essa é a verdade.

Você então procura mais café, o café já acabou faz tempo.
Você então lembra que tudo acaba.
Pra quê quero fazer isso, se tudo acaba?

Então você lembra de toda merda que parece ser eterna. Se tudo acaba, porque a violência continua? Porque o tédio continua? Porque essa esperança continua?
Nem a certeza de que tudo acaba você tem. Então, continua.
Parece a coisa mais heróica do mundo, mas não é. Não tem heroísmo algum. Na realidade, ainda é uma pessoa, num dia de chuva, ouvindo a mesma música, de braços cruzados e a cabeça encostada nos braços.

E você fecha os olhos.

Acho que encontrei
Te encontrei
Aqui


Mais três palavras. Dá vontade de envolver toda a situação, os olhos fechados, a revelação da sua necessidade de atenção, o seu futuro, e tudo que passou, tudo! Colocar tudo nos próximos versos.
Mas vai ser muita coisa, tanta coisa, que enquanto vai passando pela sua cabeça, você vai esquecendo.

E no final, você resume tudo:

Acho que encontrei

Te encontrei
Aqui.
Fique, por favor.


É, eu sei. Pra quem não acompanha o processo, os versos não fazem sentido.
Espero que pra você, eles façam.
Porque eu não aguento mais quando eles não fazem sentido.
E escrevo por isso.

- x -

Essa postagem saiu também no Autores S/A. (http://autoressa.blogspot.com) Mas acho que vai ser a única postagem que os dois blogs vão ter em comum.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Rosnando

É.

Quero xingar e não consigo.

In... fer... no.

Sinto muito. Mas conversar não resolve. Não lembro o que você disse.

Não dizemos a mesma coisa
Nem se usarmos as mesmas palavras.
Eu passei a noite mostrando-lhe meus medos,
Pra você no fim só dizer: "boa-noite"

Eu tento esconder isso,
Mas minha única verdade
É que me decepciono.
Mas você só faz questão
De mostrar sua decepção.
A minha, escondo.

Saiu agora, só porque está tudo fora de controle.
Você esqueceu, você disse que nunca soube.
As pessoas dependem das outras pessoas, você não admite.
Diz que isso fere sua sensação de ser livre.
Tem vergonha de depender e orgulho dessa solidão.
Pois então,
A falta de razão
Venceu.

Deixa o sangue pingar.
Fazer o moinho girar.

Porque não sei da onde vem a coragem.
Se é mesmo coragem essa palhaçada
Que você veio exigir de mim.

sábado, 30 de outubro de 2010

Senna

Dela, eu conheço as curvas
Mas o caminho nunca é o mesmo
E sei que posso apertar os freios
Mas acelero em mais uma frase
Um pouco mais, talvez eu me ache
Um pouco mais, direto pro desastre

Um louco, mas... estou tão perto
Você faz os limites, eu os testo
Um verso a mais pode acabar com o poema
Mas é uma pena se eu não tentar
...

Uma pena, mesmo
Mas receio que tentei
E o verso não veio.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Se fosse só questão
De talvez, não ou sim
Mas meu dilema
É não saber te ajudar
E não querer te ver assim

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Durante uma festa...

- Que foi, cara? Porque você tá olhando pro nada, assim?

Hmn..

- Nada - digo pra ele. - É só que estou sentindo falta dela.

- Dela quem? Sua namorada?

- Nada. Quem dera fosse. Ela é só uma garota que gosto. Realmente gosto muito.

- x -

To who I SAW.
Minhas manhãs tem algo de parecido.

Mas só se eu consigo chegar antes da Ângela, pra poder abrir a biblioteca.
Ser o primeiro a abrir a biblioteca é legal. É ganhar o "bom-dia" especial da biblioteca. Uma lufada de ar geralmente quente, acompanhada de um cheiro de livro e poeira. É a baforada de quem acabou de acordar também e ainda não escovou nem os dentes. É uma sensação acolhedora, tão palpável que ultimamente tenho até respondido "bom-dia" de volta pra ela, baixinho.

Uma biblioteca, bem, é só uma biblioteca.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Bem e Mal, até onde sei.

Você já foi chamado de bonzinho?

"Sim, já fui"

Bem, bem, muito bem. Quando você ouviu isso, sentiu o estômago embrulhar?

"Hã? Porque sentiria?"

É, você talvez não tenha o porquê de sentir seu estômago embrulhar.

Isso geralmente acontece é comigo.

- x -

É que bem e mal, até onde sei, são diferentes do que tentaram me ensinar. Começa pelo fato de todos quererem arrumar uma definição prática e bem distinta pros dois. E no final, tentam e tentam definir e acabam caindo num ponto comum nojento, que é o "depende do ponto de vista". Quer um exemplo? Ok. Imagina um rapaz. Uma garota. E outro cara aí, namorado da garota. Clássico triângulo amoroso, com uma garota mal-amada, um rapaz apaixonado por essa garota, e um namorado que não quer perder a namorada.

Me ensinaram que todos são capazes de serem bondosos.
Seu desafio é arrumar uma solução onde os três personagens sejam bondosos aí, sem rolar suruba ou poligamia.

Se você arrumou, parabéns, você pode parar de ler isso aqui e sair pro mundo pra ser uma pessoa bondosa e salvar todo mundo.

Caso contrário, não se preocupe, talvez haja solução. Só não caia no marasmo do "depende do ponto de vista".

E caso contrário, acho que já dá pra você entender o porquê que ser "bonzinho" me dá um embrulho na barriga. Porque eu não sei nem definir bondade. Nem acredito nas definições de bondade que me ensinaram. Então, porra, como eu sou bonzinho? Eu nem sei definir maldade, além de duas coisas: evitar dar explicações; e essa outra coisa instintiva que reconheço na hora quando ligo a tv.

Deixa eu te pedir outra coisa?

Não caia no marasmo (sério mesmo!) do "depende do ponto de vista".

Porque isso não é fazer maldade nem bondade. É ainda pior. É evitar fazer ambos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eu tinha, tu tinha, te...

Se eu disser que quero mudar o mundo... acho que estou enganando alguém.

Não sei quem. Não lembro com quantas pessoas falei isso.

E não sei quem. Porque ainda posso estar enganando a mim mesmo...

É que eu sacrifico minha liberdade por uma pessoa, mas não por um país.

Mas pra essa frase fazer tanto sentido e ser tão importante quanto deveria, eu tinha que ser famoso.

=/

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vilarejo

É, eu sei.
Desse vilarejo
Nesse momento
O que mais desejo
É encontrar minha cama
E dela, fazer meu reino
E descansar o dia inteiro.

domingo, 24 de outubro de 2010

Fable's Moral

There's a popular fable about a hummingbird and a forest fire. If you never heard about it, I'll resume it to you: A fire starts at the forest that the little hummingbird and a lot of animals lives. And all fucking animals runs from the fire, trying to survive. Except the hummingbird. The hummingbird flies to the lake next to the forest, and fills his bill with water and spread it on the fire, trying to stop it. So, an elephant notices what the hummingbird is doing and asks to him:

- Are you triyng to kill yourself? You'll never stop the fire!

- Yeah, I'now. But, at least, I'm doing my part.

Well, and you want to know what's the trully fable's moral?

The hummingbird wasn't trying to be an altruistic hero like everybody told me. He as just a selfish that was trying to keep his consciousness cleans. Like everyone.

And if you want, really want, to stop the forest fire, don't do it just to keep your consciousness clean.

sábado, 23 de outubro de 2010

03 de Outubro - Keep Fallin'

Quando o encontrei após subir as escadas, ele disse:

- Acho que você já sabe o que tá acontecendo, certo?

- Bombas, sei. Só que só sei os fatos, mas não sei os motivos. E cadê a Jess, D.? E cadê o resto do pessoal dessa casa?

- Ela não tá aqui agora não... - disse ele. Encarei-o , incrédulo... - Mas não se preocupe, ela já está voltando. - completou ele ao ver minha cara de "e o que você tá fazendo aqui, sozinho na casa dela e com ninguém em casa?"

- Hmn... e como você veio parar aqui, e no mais, ainda ficar aqui sozinho? - perguntei pra ele.

- É uma boa e longa história.

- E se você não se importa, espero que me conte ela. - respondi de imediato

- Não posso, ainda.

Olhei pra ele...

- D. , o que tá acontecendo?

Ele suspirou...

- Hmn... vejamos... você se lembra, há algum tempo, do Clube da Luta?

- Aham... - respondi

- Pois bem. Sabe que os objetivos deles sempre foram abalar a sociedade burguesa, certo? Usando táticas de, hmn..., como ela costuma dizer, de terrorismo poético.

- Tá, mas explodir bombas não tem nada de poético.

- Nisso eu discordo - ele disse. - Mas enfim...

- O Clube da Luta algumas vezes dava em merda... mas explodir bombas, num país inteiro..

- Mas enfim... - ele repetiu, me cortando - o Clube da Luta conseguiu a única coisa que faltava... se organizar pra fazer algo realmente capaz de chegar a sua máxima... abalar.

"A constituição tem uma brecha interessante. Ela prevê que se 50% das urnas sofrerem anulidades ( e convenhamos, explodir urnas eletrônicas é um modo de faze-lâs sofrerem anulidade) a eleição é cancelada. Só que a constituição não prevê o que acontece se até o dia da posse dos novos eleitos não tiver sido realizada nenhuma eleição.

Sabe o que isso significa?

Que o país fica nas mãos de ninguém."

- Mas não é isso que vai acontecer... seria bom demais se acontecesse assim, mas não é isso que vai acontecer.

- Eu sei. - D. falou - Mas eu não sei realmente a intenção verdadeira de quem organizou o pessoal dos Clubes da Luta pelo país inteiro. E na verdade, nem esperava que explodissem as bombas mesmo. Mas eles conseguiram.

- Como eles fizeram isso, D.?

- Você fica sozinho numa cabine pra votar. Já viu alguma medida de segurança, algum detector de metal? Então, eles aproveitaram essa falha.

- Tá, mas organizar tanta gente.. isso é quase impossível.

- É.

Houve então um silêncio meio constrangedor... eu olhei pra baixo, pensando.

Ele também.

- D., quem foi que explodiu as bombas aqui em Bom Jardim?

- Não posso dizer.

- Não foi ela, não né? Ela pode ser presa!

Ele só ficou quieto.

- Puta que paril! - exclamei. - E agora?

- Eu nunca soube como responder essa pergunta... espera que eu a responda agora?

- x -

Eu sei que esse final tá muito sem final, mas por enquanto (e provavelmente pra sempre) vai ficar assim. Sorry to all.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

De estimação

"Pai?"
"Oi, meu filho..."
"Você tá bem?"

Ele respondeu um rápido "estou". Ele não estava. Tava na cara que não estava.

E eu não queria que isso virasse história. Nem que pessoas tão reais virassem personagens.

Mas eu olhei pra ele e não consegui dizer nada. Posso dizer agora?

"Pai?"
"Que foi, meu filho?"
"Eu acho que alma existe."
"..."
"É que... ela, no final, só queria estar contigo. Ela gania, mas não era de dor. Era pra quando chegar a hora, estivesse contigo. E você esteve com ela, pai."
"..."

Alma existe, pai. Senão, não existiria motivo para neste momento eu achar esse seu gesto a coisa mais importante do mundo.


- x -

In Memoriam. A cachorra daqui de casa morreu hoje.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Meia coisa no ar, sabe?

É só propaganda, sabe?
(Quando você sabe
Pega meia coisa no ar)

É só questão de sorte, sabe?
(Mesmo que saiba
Meia coisa no ar)

E se você pudesse ver
O que todo mundo fala
Pensaria duas vezes
Antes de falar

É só ser diferente, sabe?
(Quando você sabe
Pega meia coisa no ar)

Meia coisa no ar
Tão simples e particular
Tão difícil de pegar.

E é só tédio, só agonia
Só propaganda, só piada repetida
Só solidão, só dia-a-dia
Só é tanta coisa parecida

Sabe?

Ultimamente

Tem gente que diz que sorte não existe.

Ultimamente, minha diversão tem sido ficar vendo os mentions no twitter para o PC e pro Felipe Neto. Pra saber como é ter várias pessoas falando contigo, comentando o que você diz... sabe, ser popular. Só pra ter uma ideia também do que as pessoas comentam e tentam falar com esses caras.

E, quando eu vi aquele trilhão de mentions aparecendo, não tem como não pensar nisso:

Caralho, até pro Felipe Neto ou o PC verem um mention seu, você precisa duma SORTE da porra. E estou te falando sério.

Você pode falar algo engraçado. Pode falar algo diferente. Pode xingar eles. Eles vão ver num tipo de "visão generalizada".

Quer ter uma ideia? Pega os videos de propagandas eleitorais antigos (principalmente pra deputados estaduais e vereadores) e vai revendo... qualquer pessoa liga a "visão generalizada" depois de cinco minutos de pessoas falando coisas parecidas.

E aposto uma empadinha que é assim que eles vêem os mentions. Tô até pensando em mandar um "largue seu emprego" de mention pra um deles. Do jeito que os mentions passam corridos, vai parecer até uma mensagem subliminar.

Pois é. Até pra dois sujeitos que dão considerável atenção pro seu público poderem ver uma mensagem sua, você precisa de sorte. E sorte pra caralho, alho alho.

E tem gente que diz que sorte não existe.

- x -

domingo, 10 de outubro de 2010

2006

Tardes Inspiradas

Por acaso já te contei
Que quando era pequeno
Eu via as sombras
E acreditava que eram anjos?
Que me perseguiam?
E que eu acreditava
Que o que eu sentia
Era exatamente o mesmo
Que todos sentiam?

Eu fico deitado na cama
Quieto ,sozinho, compondo
Pois quero tanto
Que você me deixe tonto
De tanto dizer que me ama

E nessas tardes inspiradas
Eu quero te encontrar
Quieta, sozinha, compondo.
Descrevendo o que sente uma fada
Fora de um conto.

- x -

sábado, 9 de outubro de 2010

Porque sinto que o dia
Era pra ser mais que isso?
Sair da cama é um desafio
Pra minha ousadia
Com calma, eu apuro os ouvidos
Daqui não vejo, só sou sentido
E o fluxo de tudo desvia
Sem deixar aviso.

Era pra ser mais que isso..
Se eu me sentir forte
Por favor, me acorde
A força também é um vicio
Se eu não me sentir vivo
Me lembre de ser forte
Pois é disso que preciso...

Confunda, aos poucos, meus sentidos
E se for silêncio, que se torne flor
E ver as flores mudarem de cor
E sentir as cores mudarem de sabor...

Compacto

Tenho em mãos três coisas.

Alguns versos da música All-Star, umas frases de uma guria pelo twitter e uma vontade estranha de juntar isso tudo e transformar em algo compacto.

Okay, pra vocês entenderem melhor...

All-Star é a música do Nando Reis, que começa com um "Estranho seria se eu não me apaixonasse por você..."

E as frases da guria são as reações dela perante uma pergunta que ela achou num livro... "Porque você não pode ser a única coisa segura na minha vida?"

A música segue... "Até o doze que é o seu andar, não vejo a hora de te encontrar... e continuar aquela conversa... que não terminamos ontem..."

E na minha cabeça, já não consigo mais imaginar um jeito de juntar isso tudo. Só consigo imaginar ela agora deitada na cama dela, de pijama de criança (ela tem cara de quem ainda usa pijamas infantis, com ursinhos e flores e etc...), com os fios dourados caindo pelas bordas da cama. Ela tem 17 anos, e aos 17, ainda parece um anjo.

É, eu sei que vou ter que mudar alguma coisa. Daqui a pouco ela acorda, e ainda vai parecer um anjo, mas com os olhos de vidro. Esses olhos de vidro, vidrados em alguém, não conseguem me ver. Se eu também às vezes não tivesse esses olhos de vidro, eu mesmo não entenderia.

Tenho que mudar alguma coisa.

Seu olhar não vai mudar. Minha roupa não vai mudar seu olhar. Nem minhas ideias. Nem meus pedidos.
(mas fique comigo, me faça compania, por favor.)

Vou mudar a música que tá tocando mesmo.

Talvez com um pouco de Ultraje a Rigor ela já não pareça mais um anjo.

domingo, 3 de outubro de 2010

Não é sobre futebol, também.

Tô do lado de fora do estádio
Não deixaram eu entrar
Cheguei no pior horário
Aquele que com os portões fechados
Você vê sujeitos selecionados
Podendo passar.

Já era, né, reclamar do quê?
É ficar na torcida
Porque democracia
Não é escolher
É torcer, torcer
Reclamar do quê?
Isso é a vida
E poderia ser pior.

Tem gente na torcida
Que está lá cantando
Só por ter um canto
Pra poder sossegar
Eu tô na torcida
Na parte da vida
De ficar esperando

Tem gente na torcida
Que está lá cantando
Só por ter um canto
E eu tô na torcida
Torcendo pra torcida
Invadir o campo

Eu tô na torcida
Lá embaixo
O jogo acontece
Lá embaixo
Nada que me interesse

Eu olho pro lado
Tem uma torcedora
Com olhos esverdeados

Uma torcedora
Cujos olhos
Minha vida repousa

E eu só quero ficar ali
Apesar do zero no placar
Eu puxo a torcedora
Chamo ela pra comemorar

O jogo lá embaixo
Continua, nua, nua...

03 de Outubro.

- x -


"Conselho que eu ouvi darem a um jovem: 'Faça sempre o que você tem medo de fazer.' "
Ralph Waldo Emerson

- x -


- Ué, o que tá acontecendo? - perguntou uma velhinha encurvada, enquanto olhava pr'quele mar de gente curiosa.

- "Num" sei - resmungou alguém perto da velhinha.

- Deve ter sido briga - sugeriram de supetão.

A velhinha só acompanhava a cena. Em torno da Escola Estadual CIEP 322, um aglomerado de gente se espremia, galgando posições pra verem alguma coisa. Ela observou mais um pouco aquilo; Viu o cinza da calçada, as caras desconfiadas, ouviu de longe a barulhada dessa juventude babaca e logo ficou entediada. Não tinha ninguém ali que ela conhecesse pra perguntar, então não adiantava ficar ali parada. A velhinha deu um suspiro, falando baixinha "é, vou entrar que é o melhor que faço"... E como é de costume, ninguém ouviu ela.

Que azar da velhinha! Cabou perdendo o melhor da cena, tadinha! Ela entrou em casa e...

E explodiram uma bomba no CIEP 322.

- x -

Lá estava eu na Sniper, pra variar. (aliás, pra quem não conhece, a Sniper é uma Lan House daqui de BJ)

Eu tinha acabado de chegar, a loja estava quase vazia, tirando um sujeito usando a internet que eu não conhecia e o Suel jogando o ps3, enquanto não tinha ninguém pra atender. A TV estava ligada, e passava nela uma das bobeiras de sempre da eleição.

- É Suel... esse seu patrão escravocrata é foda ein. Mandou você abrir a loja até no dia da eleição?

Suel me olhou com uma cara meio puta.

- Não falo nada, rapá. Se acha que eu estaria aqui atôa? O Eduardo tá pagando como se fosse hora extra.

Pensei em responder "É, tio patinhas, depois que você arrumou namorada agora tá gastando e precisando de grana, né?", mas não compensava provocar o cara assim. Enquanto eu pensava em qualquer outra coisa pra dizer, cabei só falando "É..."

Foi quando apareceu o Nec lá na Sniper, de camisa social e com a cara vermelha, suando. Ele chegou do jeito espalhafatoso dele, como se fosse o dono da Sniper.

- Mulecada, "cês" não vão acreditar.

- Fala, Nec. - cumprimentei ele. Suel só olhou pra cara dele.

- Explodiu uma bomba aqui em Bom Jardim! Lá no Ramiro.

- Larga de ser caôzero, Nec! - Suel retrucou.

- Tô te falando sério! Suel, pra quê diabos eu mentiria sobre isso, cara?!

- Aham, tá Nec. - respondeu Suel virando os olhos pra cima, com desdém.

Eu não tirava a razão do Suel naquele momento. Nec era um mentiroso de marca maior, acreditar nele era como escrever "eu sou trouxa" na testa.

Mas o destino parece que adora pregar certas peças. Estava eu mentalmente duvidando do Nec, quando tocou a musiquinha do Plantão Globo na TV. Olhei pra TV, Suel também.

"Atentado terrorista no Rio de Janeiro... Uma bomba, de pequeno porte, explodiu numa zona eleitoral do bairro Botafogo... um eleitor que estava na urna no momento sofreu ferimentos leves de queimaduras..."

- Caralho! - saiu em uníssono o que eu, Nec e Suel falamos.

A musiquinha então tocou novamente.

"Estamos aqui em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, e acabamos de receber a notícia de um atentado..."

Dessa vez só o Nec falou, em alto tom:

- Eu falei, eu falei, porra! Que doideira! Nego tá explodindo tudo!

- Não é possível... - Suel falou, pegando o controle.

Ele foi mudando os canais, um por um.

"Recebemos agora a notícia que foi houve uma explosão..."

"Em Gyn, no estado de Goiás, acaba de..."

"Não dá pra acreditar! A urna de..."

Suel parou de mudar de canal quando chegou no Datena, na Band, que comentava indignado: "Isso é um ataque à toda sociedade brasileira! Nem a democracia podemos exercer em paz nesse país!"

- Cara, vamos lá ver o que há no Ramiro, Nec? - eu disse.

- Ah, agora se tá acreditando em mim, né? Ué, e cadê o 'Larga de ser caôzero, Nec'?!

- Vamos lá ou não vamos?

- Vai você, ué. Quando eu falei... - E enquanto o Nec ia falando, justificando ser o dono da verdade, eu falei um "volto já" e sai a passos apressados da Sniper, com a cabeça a mil.

Desci as escadas da Sniper correndo, pensando em chegar lá rápido. Pela primeira vez na minha vida, estava vivenciando algum movimento de revolução, ou anti-revolução, ou seja lá o que fosse aquilo. E mesmo que eu não pudesse fazer nada, porque parecia ser algo muito maior (já que envolvia o país inteiro) aquele sentimento de emergência que fica encarcerado na maior parte do tempo finalmente tinha arrumado um motivo pra ser verdadeiro.

Eu ia descendo as escadas sabendo que não tinha o que fazer.

Mas sabia que melhor momento que esse pra fazer algo importante eu não teria.

Melhor momento que esse, não.

- x -

Encontrei com o Bernardo na entrada do prédio da Sniper, quando terminei de descer a escadaria.

- Indo aonde, champz? - ele perguntou.

- Lá no Ramiro.

- Fazer o que lá?

- Descobrir uma coisa.

- Ih, pronto... pirou de vez. Que que houve, ô comédia?

- Relaxa, que já volto já. Depois te explico.

Continuei andando, deixando Bernardo lá parado, com cara de "hã?".

Segui andando. Atravessei a rua quase deserta, e fui seguindo em frente, até a ladeira que era caminho pro Ramiro. Parei na frente da ladeira, e minha própria voz ecoou na minha cabeça: "É, tá, eu vou no Ramiro, e daí? Que vou fazer lá?"
Não tinha muito o que fazer lá. Ia provavelmente ter policiais lá, se realmente explodiu uma bomba, e pensando bem, eu já não vou muito com a cara da polícia, nem ela com a minha, se eles decidem me chamar de anarquista lá e me levarem, até eu explicar que focinho de porco não é tomada...

Anarquista... a palavra ressoou de novo no meu pensamento.

Foi quando eu lembrei dela.

É, eu não tinha que ir no Ramiro. Tinha que ir na casa dela. Ela falou que não sairia de casa hoje, e não tem pessoa melhor pra saber sobre isso do que ela.

Mudei meu rumo, ignorei a ladeira e segui em frente, até chegar na esquina do final da rua. Virei à direita na esquina e desci pela rua levemente inclinada que tem lá.

Cheguei na frente da casa dela, e como sempre acontece quando eu chegava na frente da casa dela, de início a voz faltou. Enchi o peito de ar. Chamei ela.

Uma vez. Duas. Três. Ela não estava em casa, pelo jeito.

Sentei na calçada, na frente da casa dela. E agora?

Depois de cinco minutos, descobri que não adiantava ficar lá sentado. Gritei ela mais uma vez, na esperança, mas não adiantou. Levantei... e quando fui andando, dois passos depois, ouvi um "espera".

Engraçado, porque não era a voz dela. Mas eu reconheci de quem era a voz.

- Você tá sozinho? - ele perguntou, ao aparecer da sacada da casa dela.

- Aham.

- Sobe aqui.

- x -


Continua...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ctrl+c Ctrl+v do Travian.

victor escreveu:

e ai tudo bem tem muitas tropas

Cantres escreveu:

Ah, tudo bem sim. não, não tenho muitas tropas ainda não, mas tô fazendo. E você?

Ah é, você já foi no fórum? Aparece lá pra se apresentar. Tem que agitar o pessoal a usar o fórum.

victor escreveu:

nao, nunca fui ao forum pra que eu vou pra falar com outras pessoas

Cantres escreveu:

Pra quê falar com outras pessoas? Conhecê-las melhor... aí quando você for perguntar as coisas, elas vão te responder. E principalmente, quando você for pedir ajuda, pessoal vai saber quem você é e vão te ajudar... mas agora, se você não falar com as outras pessoas, isso fica complicado, né?

E aliás, falando com as outras pessoas, você melhora seu português e aprende a escrever melhor.

victor escreveu:


porque vc esta insinuando que eu não escrevo serto

- x-

Nesse momento, tô pensando numa resposta pra esse indivíduo.

É, acho que não adianta dizer nada. O argumento do cara é bom, ele ganhou a discurssão.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Mas se a palavra insegurança não existisse, eu teria inventado um sinônimo pra essa palavra muito muito rápido.

E provavelmente batizaria com seu nome.

E a homenagem não é por você ser insegura. É por você causar isso em mim.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Diálogo do trabalho

- É, você tá com cara de cansado de novo ein...

Pra completar, ao ouvir isso eu dei um bocejo com som de "é..."

- Segunda-feira é complicado, eu sei. Dá uma preguiça de acordar, um desânimo, né?

- Ah é... Mas não é por causa de ter que acordar cedo que fico desanimado não.

- Não? Então é por que?

Se eu fosse sempre sincero, a cena teria terminado assim:

- É por causa dos finais de semana solitários que fico desanimado...

...

Pena que não sou sempre sincero e respondi só um "ah, é porque durmi pouco."

domingo, 26 de setembro de 2010

Clipes que ficaram no meu subconsciente

Tem coisa que é fácil de lembrar, que você lembra quase sem querer. Coisas que ficaram gravadas da época que você não entendia o que acontecia.

É lógico que isso já aconteceu contigo.

Hoje eu tô caçando os clipes que eu lembro desse jeito. E qual é a imagem principal que tenho associada.

- x -

"Lambada", do Kaoma:

Putz, essa aí é um clássico... a música só continha basicamente o "Chorando se foi, quem um dia só me fez chorar..."

Mas, mais clássico ainda é o clipe dessa música. Busca aí na memória, não pode ser só eu que mentalizo de cara a saia rodada voando, aquela saia preta, revelando um biquini preto também. Acho que quando vi essa cena pela primeira vez, eu não era nem um adolescente. Porque não lembro de ter achado aquilo erótico (e aquilo era pra ser o.o), e sim algo mais "marca-época".
Depois disso, ainda vem a mini-história que é só contada entre olhares. O garoto moreninho apaixonado pela garotinha loirinha, que o pai/padrasto/dono do bar não deixa a dança deles acontecer. Aquilo era impressionante pra mim na época. Acho que até já imaginei o que os personagens queriam dizer. Hoje parece bem óbvio de entender.

- x -

"Smells like teen spirit", do Nirvana:

Tem muito clipe do Nirvana que eu lembro de ter assistido uma porrada de vezes. E isso porque a onde do Nirvana pós-morte do Kurt Cobain já tinha passado.
Mas até hoje, os pézinhos com all-star batendo logo no começo da música me dão frio na barriga. Tem gente que diz que a cena da geração grunge em clipes é a do "Jeremy", do Pearl Jam, quando o garotinho pega uma arma e se mata na frente da sala de aula.

Bosta nenhuma! Os all-stars ansiosos do começo de "Smells" pega bem melhor a essência do que o grunge causava de mais notável: a sensação de que "é agora". E como esse "é agora" se resolve?
Não é com o velhinho dançando com uma vassoura e nem com Kurt amarrando a corda da guittara. Esse "é agora" não se resolveu. Até hoje.

- x -

"Hit that", do Offspring.

Começa com o cão. Só do cão aparecer você já sabe do que se trata. Vai dar merda!

O cachorro desenhado num tipo maluco de 3D dispara correndo. Aparece o cara azul atrás dele, revoltado.

Vai dar merda, mermão, esse clipe transpira um "vai dar merda", criando uma expectativa do cão. Com 12 anos, eu não entendia o que acontecia, quando aparecia no final a cena do cara azul com a tesoura na mão.
É, quando entendi... putz, deu merda mesmo. =X

- x -

"Anna Julia", do Los Hermanos

Tem outro clipe de baile que eu não lembro de quem é, e que seria o que eu colocaria aqui. Mas é estrangeiro, eu não lembro o nome do artista nem da música, só lembro dos all-stars da garota e do tímido apaixonado. ( se alguém souber que clipe é, coloca o nome lá nos comentários, please. Deve ser algo tipo Wezeer ou Radiohead, é uma coisa bem lenta, depressiva.)

Enfim, explorando o tema de tímido apaixonado e garota dançante em baile, "Anna Julia" serve. Porque também é um clipe marcante, ainda mais pela intro dos "personagens" da trama. E principalmente porque a letra casa perfeitamente com os relances da história... ainda mais nos primeiros versos, os "quem te vê passar assim por mim... não sabe o que é sofrer..."

- x -


"Lua de Cristal", da Xuxa


Lua de Cristal, eu sei, é tenso. Mas é parte da mágica da rainha dos baixinhos, conseguir guardar um espaço no subconsciente de quem a assistia.

Bem, não é exatamente um clipe. Eu lembro é dum trecho do filme, acho que o final do filme já, quando a Xuxa sobe num palco, lembra da infância dela toda num relance e começa a música. Essa clipe também tem uma "história de olhares", principalmente na parte que tem um velho observando as crianças dançando, e o olhar dele tá lá dizendo: "é, talvez ainda tenha jeito". Como uma pessoa que tinha perdido as esperanças e naquele momento tá se arrependendo.

Engraçado que eu vi essa cena no máximo uma ou duas vezes, e fiquei com ela gravada na memória.

- x -

Bem, acho que por enquanto tá bom. Sei que tem mais coisa (principalmente em relação as cenas de filme também, como a de um dos anos 90 de um grupo de estudantes que tentam descobrir o que há depois da morte...) mas deixa isso pra depois, quando eu tiver com essa aura nostálgica de novo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Aliás, é só comigo?

Só comigo que arrependimento parece com uma vontade de enfiar o dedo na garganta pra ver se vomito toda a culpa que sinto de uma vez?

Rascunhos de poemas feitos na aula de Braille

Ela quicava
E tudo girava
E tudo gritava
Depois dissolvia

E ela, exausta
Perguntava da alma
E eu nada dizia

Nada diria:
Que pra ela era pecado
Pra mim era magia
O que ela havia negado
Eu não poderia

Eu era sentimento
Ela, infelizmente
Não sentia
Eu nada dizia
Que eu diria?

Não bastava
Nada serve
Quando é a pele
O que rege
A palavra.

- x -

Olha esse cara
Como esse cara é
Sentou-se no vaso
E sentiu-se maomé
Foi chutar o balde
Arrebentou o pé.

- x -

Era ir pra rua
E começava o temporal
Aí eu adoeci
Fui parar no hospital
Eis que a chuva parou
E voltou o carnaval

O azar me ama
Eu, na minha cama
Sentindo dor;
O carnaval passando
Só melhorei quando
O carnaval acabou.

- x -

Ps: Estreia da postagem via e-mail

domingo, 19 de setembro de 2010

Goles

Não fez sentido algum.

Mas mesmo assim, não quero olhar no dia seguinte e perguntar... "hey, o que eu quis dizer?" pra mim mesmo.

Fala que fez sentido, vem, me prende, me atormente fora da minha mente e diga pra mim:

"Hey boy, fez sentido sim! ;)"

domingo, 12 de setembro de 2010

Times Like These

(paródia/tradução/adaptação dessa música >>>> http://www.youtube.com/watch?v=7B--3cId-YE )

(Intro D / D6 )

D Am7
Só... só te peço mais um passo
C9 Em7 D (D/D6)
Só mais um pouco... e estaremos já seguros
D Am7
Só... só vá seguindo em frente
C9 Em7 D (D/D6)
Aguente firme, que já estamos quase lá.

C9 Em7 D -
São nessas horas que é pouco que te sobra |
C9 Em7 D |
São nessas horas você vê que a vida importa |
C9 Em7 D | REFRÃO
São nessas horas que você entende e chora |
C9 Em7 D |
São nessas horas... que as horas vão embora |
-

D Am7
Eu... eu sei que é mais difícil
C9 Em7 D (D/D6)
Sei porque também me sinto dividido
D Am7
Em... entre lutar um pouco mais
C9 Em7 D (D/D6)
Ou aceitar que tudo um dia se desfaz


D / D6

ô ô ô

REFRÃO x2

D/ D6

ô ô ô

REFRÃO.

- x -

Quem conseguir cantar/tocar e ficar bonitinho, grava um vídeo aew.

ps: Maldito seja o blogspot. Eu tô arrumando os acordes certinho onde cai a mudança com a tradução e a porra do blogspot desconfigura na hora da postagem ¬¬"

Alguém sabe resolver isso?

Intervalando.

Estou deitado, olhando pro teto. No rádio ao meu lado, toca Wonderwall, do Oasis.

Noel canta:
"By now, you should somehow
realize what you gotta to do"

Eu entendo:
"Você já deveria ter percebido o que deve fazer."

Mas não percebi, ainda.

Noel continua. Eu olho pro teto e fico na mesma frase. Está frio, mas não é o frio que incomoda.

O que incomoda é que eu queria escrever alguma coisa, que não fosse sobre carência sufocante, arrependimento doentio e solidão impossível de lidar que todo eu lido.

Me reviro na cama. A música cresce enquanto eu vou diminuindo perto dela. Pensando nela. Ela, no caso, não é a música nem a minha vida.

Vai ser uma merda durmir. O que eu fiz?

A música acaba.

A música acaba comigo.

A Situação

Era madrugada. O turno de Marion estava quase no fim. Últimas rodadas de carro pelo centro, só pra cumprir horário antes de bater o ponto e ir pra casa durmir. Em sua cidade, normalmente nessas horas nada acontecia. Cidade pequena metida a cidade grande, era assim a cidade onde Marion morava e vivera por toda sua vida. Não chegava a 50 mil habitantes, ainda se via cavalos e carroças dividindo a rua com Vectras e Sienas, ainda tinha uma tradição meio que de todo mundo conhecer todo mundo, ainda era uma roça asfaltada.

Marion estava na carona do carro com o braço apoiado na janela aberta, e ia observando as ruas por onde passavam todas as noites. Via o cinza da rua se mesclar com o amarelo das luzes dos postes, como sempre. Via as lojas; loja vazia, loja fechada, loja fechando. Via os bares; os bêbados conhecidos, cada vez mais parecendo cansados, não eram perigo algum.

Passando com o carro na frente dos becos sem saída, Marion foi encarando cada beco mal-iluminado. Quando acontecia alguma coisa pra Marion sair do carro, eram nesses becos.

Marion tinha até apelidado os becos... Um é o da chagas, outro o do reggae, outro era o da escola.

Pediu pro seu parceiro, quando chegaram na frente do primeiro beco:

- Rodrigo, reduz aí no chagas.

Haviam três garotos no beco das chagas. Marion não conhecia nenhum dos três. Não tinham mais do que 15 anos cada um deles.

- Encosta aí, Rodrigo. Isso não é hora dessa mulecada estar na rua.

Um dos garotos, o único com casaco, estava de pé. Os outros dois estavam sentados com as pernas cruzadas, como japoneses. Pareciam estar só conversando.

O carro parou. Marion saiu do carro, com a mão na arma pra impressionar.

O garoto de casaco o olhou.

E chutou com violência a barriga de um dos garotos sentados.

Essa é a situação.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Adiando o Encontro

O policial vai encontrar o muleque, vai brigar, vão discutir, não vai ser emocionante, vai ter lição de moral, vai ser uma anti-lição, vai ser uma coisa babaca, que antes parecia uma boa ideia, vai sair nesse fim de semana, quando eu tiver café e paciência e música tocando, assim que vai ser.

Tá nessa ou não tá?

(como um sinal de vida faz falta)

Tô ficando maluco, não quero falar mais nessa história.

Queria vê-la. Revê-la.

(como um sinal de vida... faz falta)

Hoje esqueci meu talento, lembrei do meu maior defeito e fui escrever.
Você não conhece meu talento, conhece? Você me conhece? Se você me conhece, me detenha, segura minhas mãos, não deixe elas se moverem e fazerem as palavras aparecerem assim.

Não queria que esse espaço fosse um desperdício. Mas acaba sendo, quando eu olho e me convenço de que é assim que é. Eu releeio (desperdício) que escrevi (desperdício) e não soube (desperdício) dizer na hora (desperdício) na cena (desperdício) você indo embora (desperdício) e ficou nisso.

Ah...

Deixa eu reconstruir a cena... tinha uma rodoviária, era cedo.
" O que você tá fazendo aqui?"
"Não sei."

Deixa eu cortar esse não sei e dizer outra coisa. Não era isso, eu sabia o que tava fazendo. Seguindo os dedos, o coração, o instinto, a alma, o inferno que seja lá como você chame isso.

Essa coisa de ir, por querer ir. De ver, pra ver, só pra ver.



Mas...

Ah, a cena não morre aí. Quatro horas depois, um beijo na nuca, um abraço, outra despedida. A cena poderia ter sido um simples beijo e um "por favor, fica".

Mas...

E um café. E ela. E uma pergunta.

"Algo que você queira comentar?"

O mundo pra comentar, eu só tenho um mundo inteiro de comentários. Eu já sei porquê, mas quero saber porquê. Quero perguntar se vai ser assim, quero perguntar no que você pensa quando diz "ele me lembra você. você parece com ele". É exagero, tanto exagero, que dá vontade de dizer "me abraça" até mesmo quando você tá me abraçando. Quando vocês estão me abraçando.

E esse sentimentalismo vai, eu ainda faço um texto em homenagem a duas músicas dos Ecos Falsos. "Sobre ser sentimental" e "Nada não".


Pro inferno. Saiu grande demais, e não é nada demais.

domingo, 5 de setembro de 2010

O Garoto

Meu nome é Danilo.

Me chamam de Dan.

Meu nome é Danilo e eu lembro da primeira vez que tomei um esporro. Não lembro quantos anos eu tinha, mas era novo o suficiente pra ainda ter as bochechas apertadas pelas moças e senhoras. Era novo ainda, meus coleguinhas de classe ainda andavam com mochileiras e lancheiras e os pais ainda tinham que os buscar na escola.

Eu estava pisando. E ganhei esporro por isso, só por isso.

Okay, pra vocês que ligam pra essas coisas, tá, eu não tava só pisando. Era o pescoço de um garoto que eu pisava.

Mas mesmo assim, eu só estava pisando.

Era engraçado como a professora agiu como se fosse uma cena assustadora, um cena bizarra, pitoresca. Não tinha nada demais, mas eu não sabia expressar isso.

Eu era só um garoto sendo alfabetizado que pisava no pescoço de outro garoto.
Não tinha motivos pra eu não fazer isso.

E falaram, me levaram pra mil lugares, pra mil pessoas diferentes falarem comigo.

E me incentivaram a falar, mas na verdade, não era pra me ouvir. Era pra tentar me provar que eu estava errado.

Ainda bem que não funcionou.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Policial

Como alguém se torna policial? Da polícia militar?

A história dele pelo menos era essencialmente simples. Ele completou o ensino médio, prestou o concurso dois anos depois, conseguiu ser aprovado.

Era essa a resposta-padrão que Marion dava quando perguntado pelos outros.

Mas claro, ele também fazia essa pergunta pra si mesmo algumas vezes. Uma pergunta que todo mundo faz pra si mesmo, a não rara mas ainda profunda "como cheguei até aqui?".

E a resposta que ele dava pra si mesmo era bem diferente. Começava com ele novo, apanhando. Apanhando. E apanhando. Ele cresceu assim. Quando tava errado, eram os pais que batiam. Quando estava certo, eram os garotos burros da rua com raiva. E algumas vezes, apanhava por motivo nenhum. Apanhava até quando, sacaneando, nego chamava ele de Marião, por causa do nome de batismo dele. Ele ainda lembra disso. Isso ainda ressoa com a mesma pressão dos versos da roda de capoeira onde ele aprendeu a se defender.

"Não bate na criança
Que um dia a criança cresce
Quem bate não lembra
Mas quem apanha nunca esquece"

E ele foi aprendendo. Dormia pensando em meia-luas e martelos. Sonhava coisas adolescentes; garotas e vingança.

Marion foi crescendo, também.
Logo fez 16, logo entrou no ensino médio, na academia, nas rodas de cerveja. Conheceu mais gente. E agora, ao invés de apanhar, ele brigava. De igual pra igual.

Até o dia que viu uma arma. Não viu o tiro, só foi ameaçado por um muleque menor, mas que já estava envolvido com a criminalidade.

E Marion?

Marion descobriu então o que queria pro futuro dele.

Justiça. Assim que ele chamava isso que queria. Pra gente, podemos dizer que era uma arma mesmo.

Um ano depois, o mesmo muleque foi encontrado morto. Dívida com o tráfico.

Marion então soube em qual dos times armados ele queria jogar.

Rapaz inteligente e com vigor físico, tentou duas vezes o concurso ao terminar o ensino médio. Uma assim que acabou e outra dois anos depois. Passou na segunda.

Esse é o Marion. Defensor da justiça. Sentiu a dor na pele. Odeia valentões.

E ele encontrou, uma vez, o Dan.

sábado, 28 de agosto de 2010

Under the effect of CC- F, of The Ancient Dragons

O sol ia fazendo curva.
"Curva", pensa sozinho
O sujeito passando
Por onde não se deve passar.

E tem ecos, ele percebe
Olha pra sua cara de afobado
Na imagem que o afiado facão resplandece
"Engraçado", pensa sozinho
Acha engraçado mas não sorri.

E o sol termina
Foge dali
"Isso, fuja de mim"
Ele pensa pro sol
E pra vítima
Que não tem pra onde fugir.

- x -
Ps: Se Gogó continuar do jeito que tá, ele vai terminar assim ein!
Eu tento ser bom e não consigo
Tudo que faço escondido
Me condena
E não sei se é pior
Que você sinta ódio disso
Ou sinta pena.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sonhando com gente famosa parte II

E, pra complementar os sonhos famosos, ontem apareceu num sonho meu o Humberto Gessinger. Ele tava num trio elétrico (!) fazendo shows relâmpagos por várias cidades. Desse eu não lembro dos diálogos, mas sei que eu falava alguma idiotice, e ele virava e dizia algo como "cara, você me conhece, mas eu não sei quem é você não, beleza? então não aja como se fosse meu amigo porque você parece um idiota".

E eu ficava o resto do sonho arrependido e acordei até me sentindo arrependido por em sonhos ter sido um idiota com o H. Gessinger, do Eng.Haw.

Ah é, e teve um sonho com a Stéph também, mas esse eu vou contar só pra ela. Ela deve achar engraçado, porque começa bem inusitado e cheio de...

Sonhando com gente famosa

Começava num show.

Eu estava com algum colega meu (acho que era Lucca) em uma apresentação de uma banda cover. Falávamos de coisas que não aconteciam com as pessoas normais. E citávamos, brincando, esse concursos com bandas grandes de "conheça a banda" ou "passe um dia com a banda tal" que pareciam ser completamente fajutos.

Terminando isso saíamos de cena. Eu estava andando com meu irmão Zaca agora, voltando pra casa, passando por uma praia.

Eis que encontramos o Robert Plant (!), o Jimmy Page(!!!) e uma equipe de gravação de um programa igual esses que estávamos sacaneando lá no show.

Eu, apesar de estar incrédulo e desconfiado como quase sempre estou, vou lá falar com a equipe de gravação pra perguntar se não é possível eu pedir um autógrafos nos caras, né?

(eles estavam novos ainda, como nos anos 70)

Então o Robert Plant nota que eu estava falando com o câmera e pergunta "Who're them?". Eu me adianto e respondo: "Hi, I'm your fan, and please, you could play football with me?"

(ps: Ainda lembrei que na terra que eles eram britânicos e que na terra da rainha se diz Football ao invés de Soccer, como é nos Usa)

Robert Plant respondeu: "Well, why not? Do you know how to play?"
Eu respondo: "Yeah. But we need more one player for both teams". R.Plant então grita "Hey, Jimmy, come here!" E o Jimmy Page (!!!) chegava rindo bem do jeitão J.Page de ser.

Separávamos dois golzinhos de chinelo na praia (bem ao jeitão que eu fazia na infância)e o Plant dizia: "Hey, boy, I'll play on your team, ok? What's your name?"

Eu não respondia, apenas balançava a cabeça concordando com ele. O Jimmy Page então puxaca o Zaquinha pro lado dele e falava com ele alguma coisa. Zaca só ficava com cara de assustado, de quem não estava entendendo nada.

Aí o Plant fala um pouco mais; "Take care here. Don't try nothing unusual and just shoot forward in my direction". Apesar de ter achado isso meio ofensivo pela parte dele, apenas concordo, impressionado ainda com o fato de estar prestes a jogar bola com dois caras do Led Zeppelin!

Começa a partida, tem vários passes errados, o Plant tentando driblar o Page toda hora e o Jimmy Page só rindo. Eles quase fazem 1x0, mas eis que o próprio J.Page (!) evita o gol, e ele muda pro meu time do nada e os times passam a ser eu e o J.Page vs R.Plant, meu irmão zaca e um outro cara (acho que era o Lucca).

Num lançamento meu, o J.Page fica sozinho com o gol e faz 1x0 pra gente. Nesse momento ele vem pra comemorar, eu dou um toque de mão com ele de camarada e exclamo "Yeaah! Nice one!".

Aí olho prestando atenção nele, eu sério, e digo:

"Cara, mas fala sério, isso é um sonho, não é?"
O Jimmy Page me olha rindo e responde: "É!"
Eu continuo falando:
"Porque olha só, ninguém encontraria o Led Zeppelin assim."

O Jimmy Page dá uma gargalhada amigável e fala:
"É, é um sonho mesmo. Mas até você merece ter uns sonhos bons de vez em quando, né?"

Dessa vez eu que dou risadas. E o J.Page continua:

"Pois bem, antes de você acordar, queria só te dar uma ajuda. Você pergunta pra si mesmo o que é pior. O seu pior, sabe qualé? O medo."

-x-

Depois disso, acordo. Estou deitado no chão da casa da minha avó e tem algo errado. Tento levantar e começa a bater um desespero que meu corpo não me responde. Eu vou me apoiando na parede (tem gente deitada no chão da sala da casa da minha avó Teresa e acho que minha família toda tá lá) com cuidado pra não pisar em ninguém. Vou me apoiando na parede quando, mesmo no escuro, vejo meu reflexo numa parede e vejo minha mão esquerda toda empolada, cheia de bolhas e inchada. Tento gritar, não consigo, começo a ficar mais e mais desesperado e aí o meu irmão Léo aparece. Falo com ele: "Léo, olha minha mão!" e o Léo só dá uma gargalhada maligna e me puxa. Ele enfia minha mão debaixo duma torneira e a liga. Sinto uma puta dor, e afasto com um tipo de telecinese o Léo de perto e desligo a torneira.

Léo ri mais com outra gargalhada do mal e fala: "É, não tem jeito."
Eu falo: "Léo, por favor, me ajuda!"
Ele responde: "É, vou te ajudar."

Ele pega um facão. Me vejo refletido na lâmina do facão.

Ele faz o movimento.

Aí acordo, de acordar mesmo.

Sentindo a mão esquerda dormente.

- x -

Sonhei isso na noite de quinta-feira, dia 12, pra sexta-feira 13. Anotei no caderno quando acabei de ter o sonho, pra ficar bem fiel.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ab' sismo

Um abismo.
A pergunta não é sobre pular.

A pergunta é:
Quando você vai olhar pra trás
E entender porque querem te empurrar?

Cinismo.

Um abismo, sempre tem que ter um abismo.
( A queda assim é mais bonita.
Cair em poças e ralar o joelho
Mesmo que seja mais realista
Não causa mais medo.)
A pergunta não é pular.
Cair no abismo não é a encrenca.
O problema começa
Quando quem está pra te empurrar
Vira as costas e vai embora.

E você fica por lá.
Sem cair no abismo.

Mas sem entender também
Porque está tão sozinho.

Agora quero sangue
Quero a guerra
Quero a festa em alto astral!
Felicidade fatal
Dia seguinte, feridos no chão
Ferimentos abertos
Ressaca em excesso
E não quero ser exceção.

Lá na frente, o abismo
Imagina só.

Porque se não imaginar
Vai ser pior.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Entrevista com

(direto do ctrl+c ctrl+v)

L.F. (8) diz:
*okay então... Jess, boa-noite ;)

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*xD

L.F. (8) diz:
*(pula apresentações e intro sobre sua vida e obra)

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*ahuhaa
*boa noite.

L.F. (8) diz:
*Enfim... seus textos parecem ser muitos inspirados em relacionamentos... esse tipo de inspiração vem de maneira auto-biográfica ou a Jess é bem diferente das Fabianas e Maribelles dos seus contos?
*(já viu o repórter inexperiente, do CQC? huaihsiuahiushiahisuhai tô me sentindo meio repórte inexperiente que nem do quadro, ahusihaushaihsiah)

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*Creio que as personagens que escrevo são um Eu ideal que crio. mesmo nas imperfeições, eu penso as imperfeições ideais.
*( e eu to me sentindo participando de uma grande ironia. tipo.. vamos entrevistar a pessoa bebada caida da rua pra ver o que ela fala! xD )

L.F. (8) diz:
*( =/) Esse Eu ideal... o que nele mais te faz bem e o que nele mais te incomoda?

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*o que me faz bem é como ele parece saber o que está fazendo, cmo ele parece saber onde está, em que se encaixa.
*e o que me incomoda... é como, mesmo assim, por mais que tente fazê-lo se encontrar, ele continua perdido.

L.F. (8) diz:
*Como surgiu esse seu Eu ideal? Quão remota é a sua lembrança desse seu Eu ideal? Você pensava nisso quando era criança?

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*não sei. acho que acabei de notá-lo.
*e quando eu era criança... bem, não sei também... talvez eu não penssasse muito. eu acho que vivia mais.
**pensasse

L.F. (8) diz:
*Das suas personagens, você tem alguma favorita?
"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*mas como? todas são a mesma.

L.F. (8) diz:
*Alguma coisa que você já escreveu já lhe causou arrependimento?

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*não...até mesmo os texots mais rídiculos.
**ridículos

L.F. (8) diz:
*Seus personagens femininos costumam ser mais intensos e profundos do que os masculinos... isso é um coincidência ou apenas reflexo daquilo que você observa?
*uma*

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*acho que é uma verdade que observo.

L.F. (8) diz:
*você prefere escrever os textos em 3ª pessoa ou em 1ª pessoa? E na sua opinião, quais são as diferenças mais significativas em mudar a perspectiva de 1ª pra 3ª pessoa?

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*quando digo 'eu', normalmente as pessoas imaginam eu mesma, Jéssica. quando na verdade, gostaria que elas lessem e imaginassem o eu delas... e quando diga ele/ela é quando gostaria que as pessoas entrassem intimamente da atmosfera inatingível de uma outra pessoa, mas que se torna possível, através da narrativa.
*mas não sei qual prefiro. 'depende do momento.

L.F. (8) diz:
*( vai lá, vai dizer que você não tá entrando no clima de entrevistada do mês? :P)

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
**na atmosfera
*( hahahahahahah.. depois um tempo a gente acostuma. xD )

L.F. (8) diz:
*Qual dos seus textos você considera o mais difícil de ter sido escrito?

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*o conto de terror que vc me pediu. XDD
*e que no final, não saiu um conto de terror. rsrsrs

L.F. (8) diz:
*:P Você gosta de ler outros autores/bloggers da atualidade?

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*gosto. o seu blog eu sempre leio. e o de ricardo também.

L.F. (8) diz:
*O que você espera receber de volta ao escrever? Um elogio, um comentário, uma crítica, que tipo de reação você espera de quem lê?

"Jess Mululo" But you choose 'death and company' diz:
*eu gosto quando as pessoas falam alguma coisa. as vezes parece que escrevo para ninguem. é bom ver que algumas pessoas leem, se importam...
*qualquer coisa, qualquer sinal de 'vida', eu gosto.


- x -

A entrevista ficou com cara de incompleta, mas foi porque ela na hora teve que sair do msn.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Não esqueça que

Criar tem tudo a ver com tentar.

Acho que Felipe tinha que ter entendido isso. Só isso.

Ah, e porque falar nisso? Nada demais, tava ouvindo "o trovador solitário", que são gravações caseiras do R.Russo (algumas até toscas) e passa a impressão que o Renato tinha entendido isso.

Aí lembrei do Felipe.
Porra, essa hora eu poderia estar ouvindo aquele gordo maldito, se eu tivesse a opção.

domingo, 15 de agosto de 2010

Eu te escuto.

Posso dizer isso.

E vou falar com o vento.
Porque é o que você quer.

Agora me diz: "Não. Você entendeu errado."

Que... que eu usarei aquela frase linda do Quintana:

"Quando um leitor não entendeu o que o escritor quis dizer, é porque um dos dois é burro."

Alter Ego

Se todo mundo tem um defeito
O meu defeito é parecer
Eu pareço com todo mundo que conheço
Porque não?

Dizem que é desvio de personalidade
(mas como? se só usei da sinceridade.)
Disseram que é falta de atitude
(mas como? você quer que eu mude?)
E eu, mudo, não quero.

Eu pareço com Bernardo quando bebo
E chego em casa xingando cedo
Eu pareço o Super achando engraçado
As histórias e contos desse sábado

Pensou no mundo
E ficou com raiva de mim?
Pareço com o mundo:
Às vezes também sou ruim.

Pareço com Nec quando não quero
E com o Gogó reclamando sério
E até com o Suel, nem sei como mas pareço!
(naão... parecer com o Suel é exagero)

É o meu defeito...
Pareço com a música que ouço
Pareço com o subentendido que entendo
Parece que sou louco
Só porque pareço com o que invento.

Pareço meus irmãos
Porque não?
E com tudo que sou parecido
Eu poderia chegar ao infinito!

Sou tão parecido com todo mundo
Que olha que coincidência:
Pareço
Pareço
Parece que fui eu mesmo.

E ser você mesmo não tem nada a ver
E sou punido
E essa é minha punição:
Sempre que eu falar de mim
Vai ser parecido com uma confissão.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Vieux

Eu ia te dizer
Que antes de morrer
Quero ter um abraço seu
Só que sempre achei
Que te dizer isso
Ia mexer demais contigo

Mas dessa vez escapou
E não quero que você
Fique pensando nisso

Guarda como um segredo
Porque pelo jeito
Não vai fazer sentido
Você está feliz demais
Pra se entristecer comigo

Há coisas erradas
Há derrotas
E quando você pensa
Que está perto da vitória
Há viradas

Isso não é a vida
Isso é a maneira de perceber
Que por mais que você tenha pressa
Um dia sentirá
O mundo rodar devagar
Mas nem sempre terá
Alguém pra sentir
Isso contigo

Deixa tudo voltar ao normal
Que o sabor de sal na boca
Não é o seu destino
É só um momento

Um
Maldito
Momento

Do mesmo jeito
Que eu quis escrever
O que por um momento
Senti apenas por você.

- x -

Uma poema de dois anos atrás. Queria postar alguma coisa que escrevi há algum tempo... Esse aí mandei como um depoimento uma vez.

Reler, mas só daqui x anos.

Tudo que quero(...lie!) nesse momento é escrever. Mas é vaidade minha, lamento.

A vaidade, ah, a vaidade. Quantos significados essa palavra tem.
Hoje escreveria só pra agradar, hoje eu escreveria só pra chamar atenção, hoje eu não teria valores.

Nem nenhuma missão.

Hoje é só vaidade. Se nas patricinhas vaidade é ter roupas novas, comigo é só mostrar uma idéia ridícula com cara de sabedoria. Vaidade: polir uma estátua vazia só pra dizer que é minha.

A culpa é minha. E isso também é vaidade.

Não há nada que eu possa fazer. A culpa é sua.

(cinco segundos de desvio e eu já tô falando disso... =X)

Vaidade, da mesma vaidade que faz a moça elogiada rebolar mais ao andar. Vaidade demais pode matar. Que o diga os donos dos assobios que ecoam quando ela passa.

Vaidade de músico é não errar nota e fazer coisas complicadas. Vaidade de escritor é enrolar o leitor.

( e o assunto ameaça desviar de novo...)

- x -

Para Luiz Fernando, quando você for reler isso num futuro distante,

Caro L.F. , por favor, entenda que esse embromation é pura sinceridade baseada num conselho de uma moça... E o conselho foi um "escreva, apenas escreva e depois não releia, deixe fluir."

E se você por um acaso não se lembrar quem era a moça, saiba que você, L.F. do futuro, se tornou um idiota. Porque ela merecia ser lembrada, quase sempre =X

Do seu não tão querido amigo, L.F.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Não adianta

Não adianta, não adianta, não adianta... deixa eu repetir não adianta até...

Até eu entender que não adianta.


Não sei porque falar em ajuda
Eu não estou ferido
Só não estou tão vivo
Quanto estava antes.

Não adianta falar em culpa
Você procura os culpados
Apenas pra não desculpá-los
Isso é desesperante...

Porque eu... não adianta.
Eu não me convenço.
Nem venço sua solidão.

Me ajuda?

É a última vez que peço.

Não adianta, não adianta, não adianta... deixa eu repetir que...
Tá aí. Não quero ir.
Não quero beber.
Não quero isso hoje.

Vou decepcionar muita gente.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ou você termina o poema por mim.

Mas não quero falar nisso. Isso não vai acontecer.

Sabe o que podia acontecer?

Podiam matar uma dúvida minha.

É o seguinte. Eu queria saber de quantas pessoas que fazem empréstimos num banco, qual a porcentagem que sai bem-sucedida e qual a porcentagem de pessoas que se fodem muito.

Poderia ser um levantamento como algum estudo crítico sobre como é covarde a principal maneira dos bancos de obterem lucro.

Como fazer isso, pra matar minha dúvida? Ah, fiquei pensando nisso também. Os bancos (pelo menos creio que) mantém um registro do empréstimo feito. A receita federal mantém também um registro das declarações de IR. Bastava pegar os registros de pessoas falecidas (aí não seria quebra de sigilo, certo?) e seus descendentes em relação ao IR, e comparar o aumento/diminuição do IR em relação a antes/depois do empréstimo feito. E levantar uma estatística para % de ganhos e perdas em relação aos 5 anos seguintes do empréstimo.

Poderia até incrementar essa estatística, com detalhes como porte do empréstimo (pequeno pra até R$10.000, médio pra entre R$10.000 e R$100.000 e grandes pra acima de R$100.000) e casos de abertura/falência de empresas (acho que isso pode ser conseguido através do CNPJ. pelo menos, abertura de empresa. E novamente, acessar dados de pessoas falecidas não é crime, é?)

Só pra matar a curiosidade. Porque tem coisa que com números se consegue a resposta.

Um dia ainda termino esse poema

Pra mim desespero tem outro significado
"Quê que eu tô fazendo aqui?"
É que é frase de desesperado.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Let me start with a poem e terminar pedindo uma coisa...

Backspace sound
Was the only thing I found
That night, in my room

No, there's nothing more.
It's just the same round
Whatever it's happen underwater
Or overfloor
Or on the nextdoor

It's again.
Myself against...
Against what?
The walls, the falls, the troubles?
No, it's not possible.
That I just have to fight
With the kind that don't desire.

It's again... myself against.
Against what?
Against the backspace sound
That's what I always found
When I'm searching for you

- x -

Ela estava. Só. Estava.
Ele se aproximou e perguntou:
- Posso te pedir uma coisa?
Ela, tão naturalmente, respondeu:
- Pode.
Ele, então, devolveu:
- Casa comigo?

E ela prendeu um grito...

E acordou arfante. Olhou pro teto, de sua cama.
"Ainda bem que era só um pesadelo", pensou. E ficou pensando no significado estranho desse pesadelo, de alguém querer casar com ela.

E ele?

Ele não soube do sonho, mas foi escrever. Ele não soube dos desejos dela, mas foi escrever. E ele não soube o que escrever, mas... era algo que ele queria. Tinha uma gritante queimação no peito dele, e ele achou que escrever curaria.

As pessoas sempre acham isso, que escrever resolver. Cantar resolve. Beber resolve. Esquecer resolve.

Estou escrevendo e não tá resolvendo nada.
Eu ainda tô com esse incômodo,de que fiz algo errado. De que não deveria ser assim... e de que sinceramente...

Sinceramente?

Esse incômodo no peito é só um "Wish you were here."

Tão simples que parece até banal.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Muitos Palavrões

É, há momentos em que releeio o que escrevo e tenho a impressão que exagero com palavrões; apesar de algumas vezes apenas "transcrever" as falas (quando são personagens baseados em pessoas), acaba tendo tantos xingamentos que chega a ser chato.

( e além dos palavrões, ainda tem as gírias e tiques dignas dum carioquês.)

Me disseram uma vez que quando não se tem o que falar, xinga-se. Vou maneirar um pouco mais em relação aos palavrões. Mas é só pra não causar a impressão errada.

Porque existe uma relação entre imprensa/impressão. E existe uma relação entre imprensa e atenção.

E atenção é a minha heroína. Preciso mais dela do que de mim.

domingo, 1 de agosto de 2010

Aventureiro, aventureiro.

Tem um sujeito muito figura bem na nossa frente... tá vendo?
Presta atenção, ó só. A roupa desconjuntada (um jeans sujo, com camisa social branca amarelada de velha e abotoada, esse jalecão marrom que ele tá por cima disso tudo, não, não, isso é um jaleco, não é um sobretudo. Ou é um sobretudo? sei lá, também não entendo de moda)e os cabelos oleosos despenteados e essa barba em fiapos. Esse olhar meio doido dele, de quem tá fingindo ser vesgo só pra sacanear, é assim mesmo.

Olha só.

- Que tu qué? - perguntou-lhe o barman.

O barman olhava esse figura que tá na nossa frente de cabo-a-rabo, tava na cara que o barman não tinha ido com a cara desse sujeito. Mas também, não é culpa do barman. O cara era um aventureiro. E aventureiro tem que se arriscar o tempo todo, seja provocando os homens, seja desafiando a natureza.

STOP ALL!

Aventureiro tem que fazer isso mesmo? Pera só um segundo, deixa eu puxar o nosso aventureiro aqui rapinho pra fora da cena pra perguntar nele.

(trava a cena. Freeze!)

Vem cá, seu infeliz. Isso, isso. destrava tudo. Agora, aventureiro...

- Oi? Que quê eu tô fazendo aqui?

Rapá, relaxa. Só quero te fazer uma pergunta, depois te devolvo pro teu mundinho de merda.

- Hã, mas o quê? Que porra é essa?

Aqui, pera, daqui a pouco te respondo o que você quiser... mas primeiro, deixa eu te perguntar. Aventureiro tem que fazer essas coisas mesmo, de sempre desafiar, sempre quebrar tabus, sempre provocar?

- Hã? Aventureiro? Se tá maluco porra? Que eu que tô fazendo aqui? Quem é você?

Etâ porra. Cala a boca! Só porque você é um personagem que eu tirei de contexto, pra te fazer uma pergunta, você vai ficar de frescura dizendo que não tá entendendo nada, é?

- ...


Okay, melhor assim. Agora, de novo. Você que é aventureiro, me diz: Os aventureiros tem que sempre fazer isso mesmo de quebrar tabus, correr riscos, desafiar a natureza, provocar a aventura sempre?

- Cara, olha só, você pegou o sujeito errado. Eu não sei do que você tá falando.

Puta que pariu ein! Não adianta perguntar nada nos meus personagens, eles tem hora que fazem de conta que não sabem quem eu sou ¬¬"

Será que era assim com outros escritores?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Não sei se vou voltar a falar sobre isso

Porque acredito que só é necessário eu falar uma vez.

E me escute bem:

Generalização é um perigo. O maior perigo pra qualquer teoria, o maior perigo pra qualquer raciocínio, o grande e único perigo para o escritor.

Evite isso o máximo que puder. De tantos riscos que você pode correr, não escolha correr justo esse.

Não enquadre as coisas assim. Dizer que todas as casas são iguais, é essencialmente ignorar as casas diferentes.

Assim como dizer que todos os caras são iguais é ignorar quem realmente eu sou.

Evite generalizar. Porque eu quero, até o fim dos meus dias, confiar em você, acreditar no que você escreve e diz.

Mas cada vez que você generaliza as coisas, fica mais difícil.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Não, não é sobre religião.

Soneto? Quase.

Por favor deus, me escutai
Logo no começo da constituição
Os caras te evocam pedindo proteção
E se tu és mesmo vosso pai

Não os proteja, guarde pra quem precisa
Porque a constituição não protege todos
E todos sabem quem são os poucos
Que podem ser protegidos pela justiça

Deus, por favor, me proteja
Pois vou a luta
Armado de uma caneta

E eles não irão perdoar
Por eu tentar reescrever
Uma justiça tão imperfeita

quarta-feira, 28 de julho de 2010

D'alma que não tenho.

Hoje preciso de alma. Só isso que sei.

Alma que só eu sei o que significa
Alma, preciso. É quando me sinto um raio de pecador sem religião. Que faz algo que sabe que não é errado, mas sente assim mesmo o peso do erro. Como se fosse errado.

Hoje, uma alma cairia bem.
Almas são eternas?
Almas são visíveis?
Almas estão?
O que almas são?

Acho... acho que não. Pra nenhuma das opções. Não é nada físico nem metafísico nem psicológico nem nenhum tipo de logia ou sofia que você tenha ouvido falar.

É só...

Faz o seguinte. Apaga a luz... Coloque uma música que simplesmente significa. ( a escolha da música irá dizer tudo) E deita na cama e esqueça o mundo. Se você não durmir, nesse momento você vai entender o que quero dizer.

É quando o corpo existe, mas você simplesmente esquece disso.
Assim como lhe vem o mundo
E a música sooa, pano de fundo
E...

Nessa outra coisa que não é metafísica, nem física, nem de nenhuma logia... você sente... que também precisa de alma.

D'alma que não tem.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

8

Por enquanto são oito... Oito seguidores (sim, contando com a conta dobrada da Jess...)

E a única que não conheço é a Fernanda Mattos. Poxa, bem que ela podia se apresentar =X

Dizer um oi. De oi mesmo, não de oito.

Pois nem todo mundo precisa ser um número, não acha?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Passagem pra Cordeiro

Eram mais de onze horas da noite.

"Não vai vir ônibus não, mulecada."
"Começo o pessimista, ó!"

Éramos cinco. Eu, Bernardo, Zaca; Gogó e Nec.
Quatro ônibus já haviam nos deixado pra trás, entupidos de gente. Tanta gente enfurnada dentro ônibus que respirar era um luxo e soltar um pum era crime inafiançável.

E depois desses ônibus, um hiato de mais de meia-hora se extendia...

"Puta que pariu ein... tá foda!"
"Calma, calma... olha lá... é um ônibus lá?"

E veio chegando... devagar, sozinho, aquele conhecido ônibus da 1001...

"Deve estar indo pra garagem, não pode ser."
"Garagem é o meu cara...ter! É pra cordeiro! Uhul!"

O ônibus se aproximou. Parou ao nosso sinal. Estava absolutamente vazio, com excessão do motorista e do cobrador.

Subimos.

- x -

- Que sorte, que sorte, não? - disse Gogó
- Lol cara! Sorte nada, eu que sou foda e falei pra esperarmos aqui na frente! - rebateu Nec, rindo. Todo mundo estava rindo, aliás.

O pessoal se acomodou nas cadeiras do fundão. Eram cinco cadeiras no fundo, numa daquelas coincidências que só seria mais sinistras se eu acreditasse em coincidências. O motorista calvo só olhava pra frente, numa concentração digna de alguém hipnotizado. O cobrador, de pele morena, dentes amarelos e num sorriso que não era nem felicidade nem simpatia, sentava numa cadeira ao lado do motorista.

Era noite, lembra? Mas ao entrar no ônibus, aconteceu de anoitecer de novo. Tive essa sensação pelo menos, como se uma sombra simplesmente estivesse lá, no ônibus.
Mas claro, era só uma sensação.

- ... mas é claro que não é sorte! Olha só, quantos ônibus passariam aqui? - discursava Nec, tentando defender a teoria "não interessa porra!" dele.

- Esse é o último. - falou o cobrador, que se aproximara da gente pra ouvir a conversa.

- Tá vendo, Nec? Pegamos o último ônibus e você acha que não foi sorte? - argumentou Gogó.


E a discurssão deles continuava, mesclando o non-sense e os palavrões, num debate de risadas e risadas. Enquanto isso, eu olhava pela janela, sentado no meu canto, quieto. Passávamos em frente ao cemitério naquele momento, e eu olhava pra lá.

Nessa mesma hora que Gogó me perguntou:

- E você, Fefe, acha que foi sorte? Manda um pensamento aê sobre sorte!

- Eu não acredito que teríamos tanta sorte. - respondi, dum jeito que só pessoas encarando cemitérios sabem fazer.
- Fefe é gayz a lot. - falou Bernardo.

- Ah, larga de gayzice e mau-humor, estamos indo pra cordeiro e... - E assim foi Nec falando, e eu simplesmente ia ouvindo e abstraindo, olhando pro cemitério.

O cemitério me olhava? Não, isso não existe... Mas... havia um entendimento. Eu olhava pro cemitério e algo apertava em minha garganta.

Me veio um pensamento.

- Galera - falei - o que vocês fariam se fossem morrer hoje?

- Lol, cara, não come ninguém e fica pensando essas merdas! - disse Nec

- Porque da pergunta? O emozinho tá pensando em se matar hoje, é? - falou Bernardo, zoando. Gogó riu e Zaca também, fazendo coro com "é emo mesmo, puta que pariu".

O cobrador, então, quebrou o clima de zuação:

- O rapazinho ali fez uma boa pergunta. - falou ele vagarosamente. O encarei, e tive o mesmo pensamento que me ocorreu ao encarar o cemitério.

E anoiteceu de novo, e agora não fui só eu quem teve a sensação, dava pra perceber pelo silêncio.

O ônibus passou pela rodoviária... A rodoviária estava vazia.

- Galera - e lá ia eu fazer outra pergunta macabra - o que vocês fariam caso já estivéssemos mortos?

- E porque você acha que estaríamos mortos, Fefe?

O cobrador começou a rir...

Ninguém estava rindo.

E um grito ecoou.
Outro grito.
E outro.
E o ônibus não parou.

E se eu fosse você, olharia pra trás.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Paulo de Paulo Mendes Campos. Sabe quem é?

Hey, Paulo, me diz o que você fez
Pra ela se apaixonar por você
Não deve ter sido só escrever
Não pode ter sido só escrever

Porque eu conheço uma garota
Que lembra a moça que te amava
E que no final não deu em nada
E no final não sobrou nada

Mas a história repete os atos
E sou só outro personagem
Procurando no passado
Algo parecido com coragem
Mas que não é bem isso
É mais maleável, mais movediço
É a mistura da vontade dela
Com o que pra mim
É sempre mais difícil
De confessar.

Hey, Paulo, me diz o que você fez
Pra ela se apaixonar por você
Não deve ter sido só escrever
Não pode ter sido só escrever

Eu também escrevo, escrevo
E leio o que ela escreveu
Mas eu traduzo à distância
Ela entende que assim tá bom
E ela traduz silêncio:
Lembra a moça que te amava...

E eu?

Escrevo, Paulo, me deescrevo e reescrevo e assino embaixo
Mas acho que dá pra perceber
Não pode ter sido só escrever.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Protegendo

Posso te pedir um favor?

Compre um caderninho, que não tenha nada na capa. Desenha na frente dele um escudo, daqueles dos cavaleiros antigos. Coloque o nome que quiser nesse caderninho, mas não perca ele. No centro do escudo, escreva "Para me proteger".

Nesse caderninho, quero que você desenhe, rabisque, escreva, faça o que quiser nele, mas só o use pra anotar as coisas quando estiver feliz ou de bom humor. Sabe, só quando você tá leve, calma, animada, esperançosa, com vontade de cantar e dançar e pintar e bordar e pular e sair de casa e ficar e tudo mais. Quando você sentir vontade e essa vontade não te torturar.

Vai demorar um tempo, talvez até muito tempo, pra você completar o caderninho, mesmo que ele só tenha 20 e poucas páginas e seja pequeno...

Não vou dizer que é normal. Não é. Mas... não queria te dizer "tenha esperança"

Mas tenha... só de teimosia.

Eu não sei o que fazer pra te proteger de si mesma. Queria que isso não soasse tão cruel quanto parece ser.

Eu não sei =X Talvez o caderninho saiba.

domingo, 18 de julho de 2010

Putz!

"O quê que eu tô fazendo aqui?"
É uma pergunta que sempre repeti...

- x -

(tô com esses dois versos sem contexto, pensando ainda em que poema vou usá-los. Mas gostei deles, estão bem a minha cara.)

- x -

Já escutei umas garotas reclamando que se sentiam como artigos numa estante quando estão na rua. Aquela visão de produto de prateleira, que (só as vezes) tem o poder de dizer sim ou não, enquanto os seres de marte vão desfilando entre as várias prateleiras escolhendo, tentando pôr a mão, tentando pegar.
Putz, cara! Pior é ser um desses marcianos andando, escolhendo, tentando pegar...
Porque, sabe, não parece fazer diferença. Pior, não tem COMO fazer diferente nesses lugares.

Vou sintetizar a situação pra explicar melhor:

Imagina, desde o começo, uma garota de 16/20 e poucos anos, considerada 'normal', com seus amores platônicos, músicas bobas favoritas, que gosta das frases românticas do Fernando Caio Abreu e das reflexões ultrafemininas da Clarice Lispector, que não é linda, mas também não é derrota absoluta, e que tá solteira.

Imagina ela aí, às 8 PM, em casa, se arrumando.

Do outro lado coloca um rapaz com 16-20 anos, que gosta de futebol, ouve o que tá na moda, não é um gênio mas não nasceu bobo, se considera extrovertido e tá aí pra se divertir. Um cara 'normal' também.

Tá, ele também está na casa dele, terminando de comer alguma coisa pra ir pra rua.

Aí então os dois vão pra rua (ou Expo Cordeiro, ou festa, ou qualquer ambiente desse). Beleza, normal até agora. O cara vai, encontra uns amigos, aperta as mãos, pergunta qualé a boa, o pessoal chama ele pra beber pra "esquentar". A menina encontra as amigas, blá blá blá delas, e vão andar pela rua.

É nesse momento que a gente congela a cena.

Pega esses dois personagens e multiplica eles. Em cada multiplicação, é claro, vamos ter mais detalhes, adiciona os detalhes a vontade. Pronto, desenhamos a night.

Por intuito, dá pra supôr que basicamente tanto os rapazes quanto as garotas vieram fazer: se encontrarem e fazer os etcs e talz.

(Merda, essa explicação vai ficar longa demais.)

Deixa essa cena congelada aí, desse jeito.

Se eu te encontrar na rua, me chama pra conversar sobre ela, que aí podemos tentar descongela-lá com mais calma.

- x -

Tranque o mundo num bolso e guarde-o em casa
Você não precisa do mundo
Você precisa é de compania
Tranque todo mundo
E tente arrumar uma saída
Você não precisa de mim
Mais do que eu precisaria

Entendeu a contradição?
- x -