sexta-feira, 30 de julho de 2010

Não sei se vou voltar a falar sobre isso

Porque acredito que só é necessário eu falar uma vez.

E me escute bem:

Generalização é um perigo. O maior perigo pra qualquer teoria, o maior perigo pra qualquer raciocínio, o grande e único perigo para o escritor.

Evite isso o máximo que puder. De tantos riscos que você pode correr, não escolha correr justo esse.

Não enquadre as coisas assim. Dizer que todas as casas são iguais, é essencialmente ignorar as casas diferentes.

Assim como dizer que todos os caras são iguais é ignorar quem realmente eu sou.

Evite generalizar. Porque eu quero, até o fim dos meus dias, confiar em você, acreditar no que você escreve e diz.

Mas cada vez que você generaliza as coisas, fica mais difícil.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Não, não é sobre religião.

Soneto? Quase.

Por favor deus, me escutai
Logo no começo da constituição
Os caras te evocam pedindo proteção
E se tu és mesmo vosso pai

Não os proteja, guarde pra quem precisa
Porque a constituição não protege todos
E todos sabem quem são os poucos
Que podem ser protegidos pela justiça

Deus, por favor, me proteja
Pois vou a luta
Armado de uma caneta

E eles não irão perdoar
Por eu tentar reescrever
Uma justiça tão imperfeita

quarta-feira, 28 de julho de 2010

D'alma que não tenho.

Hoje preciso de alma. Só isso que sei.

Alma que só eu sei o que significa
Alma, preciso. É quando me sinto um raio de pecador sem religião. Que faz algo que sabe que não é errado, mas sente assim mesmo o peso do erro. Como se fosse errado.

Hoje, uma alma cairia bem.
Almas são eternas?
Almas são visíveis?
Almas estão?
O que almas são?

Acho... acho que não. Pra nenhuma das opções. Não é nada físico nem metafísico nem psicológico nem nenhum tipo de logia ou sofia que você tenha ouvido falar.

É só...

Faz o seguinte. Apaga a luz... Coloque uma música que simplesmente significa. ( a escolha da música irá dizer tudo) E deita na cama e esqueça o mundo. Se você não durmir, nesse momento você vai entender o que quero dizer.

É quando o corpo existe, mas você simplesmente esquece disso.
Assim como lhe vem o mundo
E a música sooa, pano de fundo
E...

Nessa outra coisa que não é metafísica, nem física, nem de nenhuma logia... você sente... que também precisa de alma.

D'alma que não tem.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

8

Por enquanto são oito... Oito seguidores (sim, contando com a conta dobrada da Jess...)

E a única que não conheço é a Fernanda Mattos. Poxa, bem que ela podia se apresentar =X

Dizer um oi. De oi mesmo, não de oito.

Pois nem todo mundo precisa ser um número, não acha?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Passagem pra Cordeiro

Eram mais de onze horas da noite.

"Não vai vir ônibus não, mulecada."
"Começo o pessimista, ó!"

Éramos cinco. Eu, Bernardo, Zaca; Gogó e Nec.
Quatro ônibus já haviam nos deixado pra trás, entupidos de gente. Tanta gente enfurnada dentro ônibus que respirar era um luxo e soltar um pum era crime inafiançável.

E depois desses ônibus, um hiato de mais de meia-hora se extendia...

"Puta que pariu ein... tá foda!"
"Calma, calma... olha lá... é um ônibus lá?"

E veio chegando... devagar, sozinho, aquele conhecido ônibus da 1001...

"Deve estar indo pra garagem, não pode ser."
"Garagem é o meu cara...ter! É pra cordeiro! Uhul!"

O ônibus se aproximou. Parou ao nosso sinal. Estava absolutamente vazio, com excessão do motorista e do cobrador.

Subimos.

- x -

- Que sorte, que sorte, não? - disse Gogó
- Lol cara! Sorte nada, eu que sou foda e falei pra esperarmos aqui na frente! - rebateu Nec, rindo. Todo mundo estava rindo, aliás.

O pessoal se acomodou nas cadeiras do fundão. Eram cinco cadeiras no fundo, numa daquelas coincidências que só seria mais sinistras se eu acreditasse em coincidências. O motorista calvo só olhava pra frente, numa concentração digna de alguém hipnotizado. O cobrador, de pele morena, dentes amarelos e num sorriso que não era nem felicidade nem simpatia, sentava numa cadeira ao lado do motorista.

Era noite, lembra? Mas ao entrar no ônibus, aconteceu de anoitecer de novo. Tive essa sensação pelo menos, como se uma sombra simplesmente estivesse lá, no ônibus.
Mas claro, era só uma sensação.

- ... mas é claro que não é sorte! Olha só, quantos ônibus passariam aqui? - discursava Nec, tentando defender a teoria "não interessa porra!" dele.

- Esse é o último. - falou o cobrador, que se aproximara da gente pra ouvir a conversa.

- Tá vendo, Nec? Pegamos o último ônibus e você acha que não foi sorte? - argumentou Gogó.


E a discurssão deles continuava, mesclando o non-sense e os palavrões, num debate de risadas e risadas. Enquanto isso, eu olhava pela janela, sentado no meu canto, quieto. Passávamos em frente ao cemitério naquele momento, e eu olhava pra lá.

Nessa mesma hora que Gogó me perguntou:

- E você, Fefe, acha que foi sorte? Manda um pensamento aê sobre sorte!

- Eu não acredito que teríamos tanta sorte. - respondi, dum jeito que só pessoas encarando cemitérios sabem fazer.
- Fefe é gayz a lot. - falou Bernardo.

- Ah, larga de gayzice e mau-humor, estamos indo pra cordeiro e... - E assim foi Nec falando, e eu simplesmente ia ouvindo e abstraindo, olhando pro cemitério.

O cemitério me olhava? Não, isso não existe... Mas... havia um entendimento. Eu olhava pro cemitério e algo apertava em minha garganta.

Me veio um pensamento.

- Galera - falei - o que vocês fariam se fossem morrer hoje?

- Lol, cara, não come ninguém e fica pensando essas merdas! - disse Nec

- Porque da pergunta? O emozinho tá pensando em se matar hoje, é? - falou Bernardo, zoando. Gogó riu e Zaca também, fazendo coro com "é emo mesmo, puta que pariu".

O cobrador, então, quebrou o clima de zuação:

- O rapazinho ali fez uma boa pergunta. - falou ele vagarosamente. O encarei, e tive o mesmo pensamento que me ocorreu ao encarar o cemitério.

E anoiteceu de novo, e agora não fui só eu quem teve a sensação, dava pra perceber pelo silêncio.

O ônibus passou pela rodoviária... A rodoviária estava vazia.

- Galera - e lá ia eu fazer outra pergunta macabra - o que vocês fariam caso já estivéssemos mortos?

- E porque você acha que estaríamos mortos, Fefe?

O cobrador começou a rir...

Ninguém estava rindo.

E um grito ecoou.
Outro grito.
E outro.
E o ônibus não parou.

E se eu fosse você, olharia pra trás.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Paulo de Paulo Mendes Campos. Sabe quem é?

Hey, Paulo, me diz o que você fez
Pra ela se apaixonar por você
Não deve ter sido só escrever
Não pode ter sido só escrever

Porque eu conheço uma garota
Que lembra a moça que te amava
E que no final não deu em nada
E no final não sobrou nada

Mas a história repete os atos
E sou só outro personagem
Procurando no passado
Algo parecido com coragem
Mas que não é bem isso
É mais maleável, mais movediço
É a mistura da vontade dela
Com o que pra mim
É sempre mais difícil
De confessar.

Hey, Paulo, me diz o que você fez
Pra ela se apaixonar por você
Não deve ter sido só escrever
Não pode ter sido só escrever

Eu também escrevo, escrevo
E leio o que ela escreveu
Mas eu traduzo à distância
Ela entende que assim tá bom
E ela traduz silêncio:
Lembra a moça que te amava...

E eu?

Escrevo, Paulo, me deescrevo e reescrevo e assino embaixo
Mas acho que dá pra perceber
Não pode ter sido só escrever.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Protegendo

Posso te pedir um favor?

Compre um caderninho, que não tenha nada na capa. Desenha na frente dele um escudo, daqueles dos cavaleiros antigos. Coloque o nome que quiser nesse caderninho, mas não perca ele. No centro do escudo, escreva "Para me proteger".

Nesse caderninho, quero que você desenhe, rabisque, escreva, faça o que quiser nele, mas só o use pra anotar as coisas quando estiver feliz ou de bom humor. Sabe, só quando você tá leve, calma, animada, esperançosa, com vontade de cantar e dançar e pintar e bordar e pular e sair de casa e ficar e tudo mais. Quando você sentir vontade e essa vontade não te torturar.

Vai demorar um tempo, talvez até muito tempo, pra você completar o caderninho, mesmo que ele só tenha 20 e poucas páginas e seja pequeno...

Não vou dizer que é normal. Não é. Mas... não queria te dizer "tenha esperança"

Mas tenha... só de teimosia.

Eu não sei o que fazer pra te proteger de si mesma. Queria que isso não soasse tão cruel quanto parece ser.

Eu não sei =X Talvez o caderninho saiba.

domingo, 18 de julho de 2010

Putz!

"O quê que eu tô fazendo aqui?"
É uma pergunta que sempre repeti...

- x -

(tô com esses dois versos sem contexto, pensando ainda em que poema vou usá-los. Mas gostei deles, estão bem a minha cara.)

- x -

Já escutei umas garotas reclamando que se sentiam como artigos numa estante quando estão na rua. Aquela visão de produto de prateleira, que (só as vezes) tem o poder de dizer sim ou não, enquanto os seres de marte vão desfilando entre as várias prateleiras escolhendo, tentando pôr a mão, tentando pegar.
Putz, cara! Pior é ser um desses marcianos andando, escolhendo, tentando pegar...
Porque, sabe, não parece fazer diferença. Pior, não tem COMO fazer diferente nesses lugares.

Vou sintetizar a situação pra explicar melhor:

Imagina, desde o começo, uma garota de 16/20 e poucos anos, considerada 'normal', com seus amores platônicos, músicas bobas favoritas, que gosta das frases românticas do Fernando Caio Abreu e das reflexões ultrafemininas da Clarice Lispector, que não é linda, mas também não é derrota absoluta, e que tá solteira.

Imagina ela aí, às 8 PM, em casa, se arrumando.

Do outro lado coloca um rapaz com 16-20 anos, que gosta de futebol, ouve o que tá na moda, não é um gênio mas não nasceu bobo, se considera extrovertido e tá aí pra se divertir. Um cara 'normal' também.

Tá, ele também está na casa dele, terminando de comer alguma coisa pra ir pra rua.

Aí então os dois vão pra rua (ou Expo Cordeiro, ou festa, ou qualquer ambiente desse). Beleza, normal até agora. O cara vai, encontra uns amigos, aperta as mãos, pergunta qualé a boa, o pessoal chama ele pra beber pra "esquentar". A menina encontra as amigas, blá blá blá delas, e vão andar pela rua.

É nesse momento que a gente congela a cena.

Pega esses dois personagens e multiplica eles. Em cada multiplicação, é claro, vamos ter mais detalhes, adiciona os detalhes a vontade. Pronto, desenhamos a night.

Por intuito, dá pra supôr que basicamente tanto os rapazes quanto as garotas vieram fazer: se encontrarem e fazer os etcs e talz.

(Merda, essa explicação vai ficar longa demais.)

Deixa essa cena congelada aí, desse jeito.

Se eu te encontrar na rua, me chama pra conversar sobre ela, que aí podemos tentar descongela-lá com mais calma.

- x -

Tranque o mundo num bolso e guarde-o em casa
Você não precisa do mundo
Você precisa é de compania
Tranque todo mundo
E tente arrumar uma saída
Você não precisa de mim
Mais do que eu precisaria

Entendeu a contradição?
- x -

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Contemplem outro poema...

...Outro poema ruim

Você disse que há ritmo
E que haverá respostas
Que não é assim que a banda toca
E que pro resto
Ou suporta ou vai embora.
Mas pra quem olha
Rápido se nota
Que você tá tentando ganhar tempo
Que pro resto
Já é tempo de sobra.

Hã?

Ah, me desculpa, falei bobeira
Onde é que tempo sobra?
Nem na esquina, nem na roça
Tempo escapa, tempo esgueira
Tempo falta, causas alheias

Do tempo?

O tempo não volta
Mas olha a volta
Que ele nos deu
Agora eu te enfrento
Mas nesse momento
Não importa o que aconteceu

O tempo não volta
Mas eu voltei
E não sei o que fazer

Aí, quem não sabe
Você sabe como faz
Olha pros pés
Mete as mãos na testa
E fica nessa preocupação:
Posição de sábio decadente
Que com os dedos,
Puxa a ponta dos cabelos
E suspira serene.

Não queria que fosse assim.
Mas, como todo derradeiro fim
Não depende só de mim.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Branco

É, apagão mental.

(por mais inútil que isso seja, significa duas coisas: que tô vivo e tô tentando escrever algo.)

E fica nisso, porque já tá tarde.

domingo, 11 de julho de 2010

Fast Prevision.

Como esta noite vai ser?

Vou passar na sniper, esperar até dar oito horas, pessoal vai ir pra algum bar, procurando uma sinuca pra jogar, não vou ter dinheiro, vou dizer isso, e vou dar uma volta. Vou ver uma menina com as amigas que vai acenar de longe, outra vai me abraçar e dizer que vai encontrar alguém que ela não deve nem saber quem é, eu vou me perguntar "fuck, why not me?" como a música do Leoni, mas não direi isso pra ela.

Vou dizer outro tchau praquela menina que converso sempre pelo msn, mas que só aceno de longe quando à vejo na rua, se tiver dinheiro vou comer alguma coisa, caso contrário vou parar lá na praça e esperar, pensando no que posso fazer.

E nesse momento... nesse momento tem que acontecer alguma coisa. Tem que acontecer.

É claro, você não pode enviar armas pelo correio.

"Correio!"

Ser carteiro. Ô trabalinho difícil rapá. Trabalho ingrato. Envolve chamar pessoas desconhecidas na casa delas e esperar ser atendido. Lidar com pessoas desconhecidas sempre é difícil. Tenho um amigo que trabalha com isso, e o raimundos que tocava no rádio naquele momento me lembra esse amigo. Lucca é foda.Em homenagem, vamos fazer de conta que o carteiro que entrega a carta nesse momento é o Lucca.

Mas só que o personagem principal da história não é o meu amigo carteiro. É o rapaz que o atendeu à porta.

Ele usava óculos de grau, tinha o cabelo curto, ao estilo militar, daqueles cortes que você raspa a cabeça e cinco ou seis meses depois ele ainda está baixinho, se recompondo do crime. Não dá pra realçar alguma característica do rosto dele, nem da sua estatura.

Aparentemente, era um cara normal, disfarçável, fácil de esquecer ou confundir.

Aparentemente só.

Ah, lembrei de uma característica desse rapaz. Ele tinha olheiras profundas, não tinha durmido direito. Isso, aliás,e vocês vão descobrir, já dizia muito sobre a personalidade dele.

Esse carinha não tinha durmido porque passou a noite com a consciência pesada.

Pesada do quê?

Ah, isso é fácil de responder. Eram as mesmas preocupações de sempre. Significado das coisas. Futuro. Tédio. Hipocrisia... essas coisas que sempre afligem as pessoas que gastam mais tempo pensando que agindo.

- Correio!

Era uma caixa marrom, do tamanho duma caixa de sapato. Lucca pediu a assinatura do rapaz e reparou nos mesmo detalhes do rosto dele que eu acabei de descrever. Só que Lucca é um cara boa praça, naturalmente preocupado com as pessoas, e disse:

- Hey cara, você não me parece legal... tá tudo bem?

- Hmn... está, está sim. - mentiu o rapaz.

Lucca era um cara legal. Ele sabia que era mentira do rapaz, mas sabia também que se o rapaz quisesse dizer o que lhe afligia, teria dito. Então não precisava insistir.

- Obrigado. - disse cordialmente o rapaz, depois de ter assinado e entregado a Lucca a prancheta que fica as assinaturas.

Lucca entregou nele o pacote.

- Que isso, cara. Valeu. - disse simpaticamente Lucca e se foi. Afinal, Lucca tem que continuar com seu serviço.

O rapaz entrou pra casa dele (ou seja lá onde estiver morando, república, apartamente, ponte, whatever) e foi abrir o pacote, sem muita curiosidade. Era pesado. Ele não esperava nada, não conhecia o remetente, mas também não tava ansioso.

Tinha duas coisas... uma carta e um punhal.

sábado, 10 de julho de 2010

Calma, é só um poema.

Nefel.

Ela precisa dum susto
Pra poder acordar
Mas não gosto
De ter que assustá-la
Já basta de medos
Os vultos e fantasmas
Que cercam-na nos becos
Cheios de ameaças

De quem ela precisa?
Ela diz que de ninguém
Mas diz também
Que se sente solitária
E que isso não basta

De quem ela precisa?
Do que entra no sonho dela
E vai lá salvá-la?
Ou do cara que a sacode
E tenta acordá-la?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Versionar

Hoje peguei meu violão (meu não, esse aqui é do Léo) e estava ouvindo "I am Mine", do Pearl Jam. Fui acompanhando a música, como há tempos não fazia (lutando contra o ritmo!) e bem... why not translate that fucking sound?

I Am Mine - Eu sou só meu. (é mais uma adaptação pra tentar cantar em português do que tradução)

Eles que são egoístas demais
Tem fé que o tempo voltará atrás
Isso talvez só seja errar
E isso eu vou evitar

O norte tem do sul o que sempre terá
E eu também sei que isso não mudará
Tudo que nasce algum dia morrerá
O que há no meio é meu
Eu sou só meu

E os sentidos
Deixados pra trás
E a inocência
Só se desfaz
Significados
Por trás d'olhar
Que só será seu
Se você ficar

E choro, então, forma um mar
Refletindo, além do luar,
A dor que cresce ao se negar
E isso eu vou evitar
Só eu posso tentar.


E os sentidos
Deixados pra trás
E a inocência
Só se desfaz
Significados
Por trás d'olhar
Que só será seu
Se você ficar

terça-feira, 6 de julho de 2010

Estou perdido, sei que estou

Quer definições?

Okay, vou enfiar goela abaixo definições, do jeito que aprendi.

Primeiro, paranóia. Paranóia é quando dizem que você é inteligente e você sabe que estão sendo sarcásticos.

Segundo, introspectivo. Instrospectivo é aquele que não terá chance nenhuma além de ser um amigo.

Terceiro, terceiro... Hmn, okay, não quero que você se engasgue. Parei de enfiar definições goela abaixo. Pode respirar.

Por favor, respira. Diz pra mim que tá tudo bem.

Por favor, respira...

Respira!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Entender.

Ela olhou pro que tinha acabado de escrever.
Era sobre aqueles assuntos que você não gasta tempo pensando, mas quando o assunto vem à tona, você lembra quanto tempo já gastou pensando nisso, e o quanto ainda tem pra falar sobre tal coisa, e aos poucos todas as teorias vão voltando. Algumas trazem risadas, outras trazem perguntas, outras ela simplesmente afasta da cabeça.

Era um poema. Eu estava do lado dela, lendo o poema com os olhos. Ela olhava pro poema, pra mim, pro poema. Imagino que ela estava tentando ler minhas expressões, pra saber o que eu ia responder antes de me pronunciar.

- Er... Hmn...

- Então?

"Então... então... então..." É, eu tinha alguns segundos pra ter uma opinião sobre algo que eu precisaria de dias e dias de conversa pra pegar todos os detalhes. Eu tinha entendido o contexto do poema, reparado na simetria, na falta de rimas, na repetição da palavra "face", mas não era isso que me interessava. O que eu queria, olhando pra ela, era falar algo diferente. O poema fazia um tipo de pergunta/desafio que eu queria responder pra ela, mas acho que ela não queria ouvir uma resposta. E eu mesmo tinha perguntas sobre o poema, mas que na verdade funcionariam mais pra entender ela... Deus, eu já tô até esquecendo o poema só pra tentar entender ela, quando na verdade o que ela deve estar querendo é que eu a esqueça e entenda o poema.

Não, ela não quer que eu a esqueça. Quando eu escrevo, eu não quero que esqueçam que atrás dessas palavras tem uma alma. (uma alma quase paranóica)

Olhei pra ela e respondi:

- Esse poema me deu uma ideia.

- É mesmo? Qual?

- Me empresta a caneta?

Peguei a caneta. E agora?
Se eu disser que esqueci o que ia escrever (porque, na verdade, eu não pensei em nada pra escrever) ela só vai se decepcionar. E, se eu depender dum improviso milagroso, provavelmente vai sair algo ruim. Não era bem uma situação pra improviso.

Tem uma alma por trás da caneta, por isso que não posso escrever qualquer coisa.

Putz, é isso!

- x -

Ela:

- Vai demorar?

- Ah, desculpa. É que não tô conseguindo fazer o que queria.

- Hmn... se você rabiscasse menos, talvez conseguisse.

Eu fiquei quieto... na verdade, pelo menos nos rabiscos, eu sei que acerto. Porque se rabisquei, é porque falei algo que não queria falar. Ou que não soava original. Ou que poderia ser entendido errado. E fazer poemas tem disso: fazer a parte difícil, pra que quem leia ache fácil ler. Olhei pra ela... deu até vontade de perguntar se ela passava pelo mesmo na hora que escrevia, ou se ela simplesmente escrevia.

- Hmn... daqui a cinco minutos tenho que ir.

Okay, cinco minutos. Droga, vou acabar escrevendo um "Hey, esqueça o tempo e fique aqui. Porque eu acredito em você, acredito na liberdade, em todas suas faces e preciso sempre de você"...

Nah, não é um poema de amor dela, não vou responder com um poema de amor. Mas só tenho cinco minutos, talvez agora sejam quatro.

- Droga, não era isso que eu queria dizer - cabei confessando, sem mais nem menos.

- E o que você queria dizer, então?

Olhei pra ela. Puta que pariu! Podia ser simples e eu dizer: Não queria dizer nada, queria era estar contigo mesmo.
Mas, novamente, depende do que ela quer. E nesse momento, ela quer saber o que eu queria dizer.

E eu tô mais na praia do "Tanto faz o que eu queria dizer" sem parecer que estava enrolando ela. Porque, sinceramente, tanto faz. Vou ficar agindo como um apaixonado do mesmo jeito, quieto ou falando.

- Acho que o que eu queria dizer era algo que você já ouviu.

E morreu nisso, sem eu saber se ela entendeu ou não.

domingo, 4 de julho de 2010

E disso tudo, tirei duas conclusões:

Gravei hoje com Gordo, Bernardo e Laís o cast pro tetadegordo.

Gordo vai fazer a edição ainda antes de colocar no ar...

E antes disso: bebemos, jogamos sinuca, vimos um bêbado sendo expulso do bar, ouvimos karaôke com pagodes antigos, contamos histórias e rimos dos casos e acasos de cada um.

Mas disso tudo, concluí somente que falar não é comigo. Não sou um narrador nato das minhas ideias. Nem mesmo gosto de me ouvir. Sou de escrever, não de falar. Porque escrevendo, você pode seguir uma linha de raciocinio própria. Já quando se está falando, essa linha de raciocinio não é só sua, é também de quem está na sua frente, segurando a língua pronto pra atacar qualquer erro, elogiar qualquer acerto e rir do que convir. Então, fico na minha de escrever mesmo. (mas não me xingue agora, ainda não.)

(não me xinga não. Eu ia, juro que ia, escrever sobre uma história nova, hoje/ontem, mas não deu.)

(e se você tiver lendo isso e perguntando: "Mas ein? Ele tá falando com quem?" não se preocupa, sou eu falando comigo mesmo.)

Ah, eu lembrei duma coisa.

Eu não gosto de finais. Mas tava um dia desses pensando e cheguei a uma conclusão que até me desagradou.
Quando começo uma história, poesia ou conto, e não termino, na verdade, não estou adiando o final, e sim adiantando. A história acaba, sempre. Mesmo que eu escreva o final dela ou não. ( e nisso, explica-se o simples: uma história sem final na verdade é uma história que acabou cedo demais) E a única coisa que posso fazer é ir escrevendo, aumentando, completando, tentando adiar o final.

Cuida de nós, aliás, significa isso. Cuida de nós, apenas pra adiar o final que um dia nós dois teremos.

Então, se cuida. Sem o nós. Essa história do nós só vale pra spiegel, e assim sempre será.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Getting Mad

Ele moveu as mãos..
Devagar...
E olhou pra elas.

Riu sozinho... (quanto menos você pensa, mais você ri, ele pensou.)

E viu que era sangue na mão dele...

...

Quando ela o viu, ele estava sentado na beirada da calçada que fica na frente da casa dela, sentado com as mãos vermelhas segurando a cabeça, olhando pra baixo.

- Fernando! Que você tá fazendo aqui?
- Hã? Ahhh... oi!
- Meu Deus Fernando! O que te aconteceu!? Isso é sangue!?

Ele riu de novo ao ouvir isso.

- Ah, tô bem, não é? Você não gosta de sangue?

Ele disse isso e mostrou as mãos nela. Depois tentou abraça-lá; ela não rejeitou o abraço, apenas deixou ele... Quando ele encostou o rosto dele ao lado do rosto dela, ela pode sentir o cheiro do bafo dele:

- Meu Deus... você bebeu?

Ele olhou pra ela, o olhar desfocou.
Ele abraçou ela de novo e respondeu:

- Talvez... mas... Meu Deus??? Você nem acredita em Deus!
- Fernando, isso é só força de expressão, não mude de assunto. O que aconteceu contigo? - Ela disse isso, empurrando ele sutilmente pra afastá-lo e olhar pro rosto dele.

- Eu... eu...
- Você tá sangrando... e MUITO! Você precisa ir num posto de saúde ou no hospital ver isso!
- Não! - ele falou, a voz tomando um perigoso tom de quase-choro... - Não me leva pra hospital nenhum, por favor... me leva pra sua casa.
- Fernando, você tá bêbado, por favor me escuta...
- Oi - ele disse, encostando o rosto no próprio ombro.

Ela pegou os ombros dele, sacudiu de leve pra tentar capturar a atenção dele, e falou com o tom mais imperativo que podia. ( naturalmente, ela não era boa em ser imperativa. Não gostava de nada imperativo. Mas com bêbados, esse era o único recurso dela)

- Fernando, me escuta. Vou te levar pra um hospital agora, ok?

Ele olhou pra ela. Ela teve a impressão de um por momento ver um flash de consciência passar por entre aqueles olhos castanhos escuros...

- Você não vai fazer isso. - disse ele.
- Mas Fernando, você...
- Você não vai fazer isso. Se você me ama, você não vai fazer isso. - ele falou, soando sério e até eloquente demais pra alguém embriagado.
- Fernando...

- Você me ama?

Ela chegou num impasse, do ponto de vista dele. E do ponto de vista dela, ela só queria tirar ele dali, porque achava que ele só tava falando nada com nada porque tinha bebido e se machucado... Resultou nisso:

- Amo sim, por isso vou te levar no hospital, ok?
- Não!

Ele segurou ela e colocou a cabeça no ombro dela. Ela prendeu a respiração, apreensiva... conhecia ele bem demais, sabia que ele não faria mal, mas naquele momento, não estava tão segura assim.

- Não, não, não... não faz isso... - a voz dele parecia embargada, e quando ela ouviu uma fungada, puxou ele e levantou o rosto dele...

- Fernando... você está... chorando?

Ela nem precisava ter perguntado... os olhos recém-avermelhados e a lágrima que escapava do olho direito dele falavam por si.

- É que... é que... eu... - ele disse, parou, olhando pra ela, e ela só esperou, apesar da mudez desconfortável. - Eu... eu sempre imaginei que ia ouvir que você me ama de um jeito diferente.

- Meu Deus do Céu, Fernando, dá pra você parar com isso? - dessa vez, a voz dela que tinha ganho um tom de pré-choro urgente.

- Tá, tá... vamos falar então de... política! Então, vou votar nulo, você também, pronto. Falamos de política.

A voz dele, meio sarcástica, meio embargada, fez ela fazer uma careta de reprovação.

- Okay, me desculpa... desculpa, desculpa, desculpa. - ele disse, e seguiu dizendo desculpa até que ela falou:

- Fernando, chega!

- Cheguei - ele respondeu. Ela se limitou a fuzilá-lo com o olhar.

Houve então silêncio. Bem, quase silêncio. Ele ainda fungava e limpava os olhos com o nó dos dedos. E ela, impassível, não sabia se chamava alguém pra levá-lo pro hospital, se cedia e o levava pra casa dela pra poder limpar o ferimento da cabeça dele ( que ainda sangrava e isso assustava ela) ou se simplesmente ameaçava deixá-lo ali pra ele sossegar.

- Hey... desculpa. Agora é sério. - ele disse, e continuou. - Me desculpa... é que eu só sei falar de amor. Não queria nem ter começado esse post, essa história, e essa coisa toda pra falar de amor. Mas...

Mas eu simplesmente preciso arrumar um jeito ouvir esse "Amo sim" sem ter que beber demais e machucar a cabeça.

=)

No limbo.

Mas uma falta de sincronia tomava conta da cena:
Eram quadros se movendo e pessoas paradas.
Eram quartos escuros e portas claras.
Eram os espaços quebrados, confusos
Confessionais demais

Invadi o sonho dela
E segui sem pena
Ela que esconda seus segredos
Se tá achando que causa medo
Esse excesso de sexo e bobeiras
Que em todo momento ela pensa.

Porque sigo invadindo o sonho dela
Aparecendo, a todo momento
No centro da confusão
Que ela chama de coração.

-x-


Pedaço de poema que merece morrer no limbo.

Por, primeiro, não ser auto-explicativo. E segundo, por não contribuir em nada.