sábado, 23 de outubro de 2010

03 de Outubro - Keep Fallin'

Quando o encontrei após subir as escadas, ele disse:

- Acho que você já sabe o que tá acontecendo, certo?

- Bombas, sei. Só que só sei os fatos, mas não sei os motivos. E cadê a Jess, D.? E cadê o resto do pessoal dessa casa?

- Ela não tá aqui agora não... - disse ele. Encarei-o , incrédulo... - Mas não se preocupe, ela já está voltando. - completou ele ao ver minha cara de "e o que você tá fazendo aqui, sozinho na casa dela e com ninguém em casa?"

- Hmn... e como você veio parar aqui, e no mais, ainda ficar aqui sozinho? - perguntei pra ele.

- É uma boa e longa história.

- E se você não se importa, espero que me conte ela. - respondi de imediato

- Não posso, ainda.

Olhei pra ele...

- D. , o que tá acontecendo?

Ele suspirou...

- Hmn... vejamos... você se lembra, há algum tempo, do Clube da Luta?

- Aham... - respondi

- Pois bem. Sabe que os objetivos deles sempre foram abalar a sociedade burguesa, certo? Usando táticas de, hmn..., como ela costuma dizer, de terrorismo poético.

- Tá, mas explodir bombas não tem nada de poético.

- Nisso eu discordo - ele disse. - Mas enfim...

- O Clube da Luta algumas vezes dava em merda... mas explodir bombas, num país inteiro..

- Mas enfim... - ele repetiu, me cortando - o Clube da Luta conseguiu a única coisa que faltava... se organizar pra fazer algo realmente capaz de chegar a sua máxima... abalar.

"A constituição tem uma brecha interessante. Ela prevê que se 50% das urnas sofrerem anulidades ( e convenhamos, explodir urnas eletrônicas é um modo de faze-lâs sofrerem anulidade) a eleição é cancelada. Só que a constituição não prevê o que acontece se até o dia da posse dos novos eleitos não tiver sido realizada nenhuma eleição.

Sabe o que isso significa?

Que o país fica nas mãos de ninguém."

- Mas não é isso que vai acontecer... seria bom demais se acontecesse assim, mas não é isso que vai acontecer.

- Eu sei. - D. falou - Mas eu não sei realmente a intenção verdadeira de quem organizou o pessoal dos Clubes da Luta pelo país inteiro. E na verdade, nem esperava que explodissem as bombas mesmo. Mas eles conseguiram.

- Como eles fizeram isso, D.?

- Você fica sozinho numa cabine pra votar. Já viu alguma medida de segurança, algum detector de metal? Então, eles aproveitaram essa falha.

- Tá, mas organizar tanta gente.. isso é quase impossível.

- É.

Houve então um silêncio meio constrangedor... eu olhei pra baixo, pensando.

Ele também.

- D., quem foi que explodiu as bombas aqui em Bom Jardim?

- Não posso dizer.

- Não foi ela, não né? Ela pode ser presa!

Ele só ficou quieto.

- Puta que paril! - exclamei. - E agora?

- Eu nunca soube como responder essa pergunta... espera que eu a responda agora?

- x -

Eu sei que esse final tá muito sem final, mas por enquanto (e provavelmente pra sempre) vai ficar assim. Sorry to all.

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