quarta-feira, 20 de outubro de 2010

De estimação

"Pai?"
"Oi, meu filho..."
"Você tá bem?"

Ele respondeu um rápido "estou". Ele não estava. Tava na cara que não estava.

E eu não queria que isso virasse história. Nem que pessoas tão reais virassem personagens.

Mas eu olhei pra ele e não consegui dizer nada. Posso dizer agora?

"Pai?"
"Que foi, meu filho?"
"Eu acho que alma existe."
"..."
"É que... ela, no final, só queria estar contigo. Ela gania, mas não era de dor. Era pra quando chegar a hora, estivesse contigo. E você esteve com ela, pai."
"..."

Alma existe, pai. Senão, não existiria motivo para neste momento eu achar esse seu gesto a coisa mais importante do mundo.


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In Memoriam. A cachorra daqui de casa morreu hoje.

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