domingo, 22 de maio de 2011

Descrevendo

O que cada pessoa faz quando está simplesmente esperando?

Eu não sei, mas eu olhava pra ela. Ela estava de olhos fechados. Não dava pra ver direito sua cabeleira, mas imagino que devia estar bem bagunçada embaixo do travesseiro e do edredon que a cobria. Eu, naquela falta do que fazer, do que pensar, ia olhando pra cada linha do rosto dela. Via o nariz pequeno e arrebitado dela, que estava um cadinho vermelho por causa do frio. Via o queixo triangular dela, as maçãs do rosto magras e fundas, algumas espinhas no rosto, algumas marcas... Via os lábios dela, que são finos, rosa-claro. Lábios daqueles que expressavam bem como a dona era; não sei porque, mas na hora, associei aquilo com a imagem de uma menina forte, daquelas que parecem ter mais facilidade em andar a cavalo do que escolher uma roupa da moda. Sei lá, ela também não era bem assim.

De qualquer maneira, com certeza, os olhos dela diziam mais que qualquer outra parte do rosto. Pena que estavam fechados.
Mas mesmo assim, eu sabia como eram os olhos azuis-esverdeados dela.
Tinham uma coisa de surpreendente, porque sempre que ela olhava pra comentar algo, ou às vezes, só olhava pra rir, aqueles olhos pareciam fazer um tipo de telepatia, que dava pra perceber o que ela queria dizer sem ela mesmo ter dito.

Okay, isso é um pouco de exagero. É claro, eu, mero mortal, não faço a mínima ideia do que se passava na cabeça dela. Mas tinha essa clara sensação de que poderia entender fácil, que tava escrito nos olhos dela...

Foi quando esse misto de certeza e dúvida começaram a se mesclar na minha cabeça enquanto olhava pra ela, que decidi levantar e parar com aquilo. Fui pro banheiro, joguei água no rosto e sai de lá.

E na minha cabeça, um pensamento só:

"Deixa isso pra lá..."

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