terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Aluna perdida?

- Hmn... e se eu indicasse alguém para ser sua aluna? - Perguntei a ela, com firmeza.
- Aluna? Como assim?
- Ué, aluna. Pra aprender contigo.
- Ih, Fernando, você pirou de vez. - em tom de escárnio. Ela parou, riu um pouco e continuou:
- O que você acha que eu teria pra ensinar? Não sou formada em nada e...

Eu dei um suspiro. Daqueles impacientes.

- Você ensinaria sobre a vida.
- Como assim?
- Você aprendeu várias coisas com a vida que levou, não aprendeu? Coisas sobre sexo, homens, mulheres, emprego, falsidade... sobre escrever. A menina que quero que seja sua aluna também precisa aprender sobre essas coisas. E ela também gosta de escrever. Deixar ela sozinha seria um desperdício.

Ela silenciou... dessa vez foi ela quem suspirou impaciente.

- Olha Fernando... o que você tá me pedindo é completamente sem pé nem cabeça. Você quer que eu ensine ela a escrever? É isso?
- Não. Não é só isso...
- Então, o que você quer? Que eu conheça uma desconhecida que não tem nada a ver comigo, e comece a dar conselhos e palpites sobre o que ela deve ou não fazer?
- Não são "conselhos e palpites". Guie ela. É isso.
- Guiar? Puta merda, Fernando. Eu não sei nem pra onde eu tô indo.
- Mas...é, você tá certa. Deixa pra lá...

Fez-se um silêncio inquietante...
E aí na hora que levantei pra sair, ela disse:

- Mas porque você quer que ela seja minha aluna?
- Não sei. Tive essa intuição só.
- Hmn... e foi só intuição?
- Não importa. Você não topou.
- Você vai me deixar curiosa, é?

Vou. E fui embora.