domingo, 25 de agosto de 2013

Não, não, eu não sou um político, Baillarina.

Bom Jardim - RJ, 24 de Agosto de 2013.


Hoje acordei pensando no que realmente me faz falta. Pensei sem querer em você. Assim, nessa de pensar e pensar, me imaginei te contando das coisas do balé... Tipo, sei que não é seu assunto favorito, mas você sabe que é o meu, então fica ela por elas, como dizem no ditado popular. Pois é, eu parei de fazer balé. E como sinto falta. E não sei dizer se sinto mais falta sua, ou do balé, mas me imaginei contando pra você a comparação, porque tem tanta coisa em comum...

Você lembra daquela peça no subsolo do Galpão? Você gravando desajeitado com a câmera, eu dançando. Haha, você não sabe o nervosismo que deu antes da apresentação. Eu estava calma, juro, até os quinze segundos antes da apresentação. Era uma peça sincronizada (será que você reparou isso?) e tinha coisas que se eu errasse, todo mundo podia errar junto. É, eu tava carregando uma boa responsabilidade naquela apresentação. Algumas meninas nunca tinham se apresentado. Poderia dizer até que elas me passaram o nervosismo delas pra mim, mas não foi isso também.

Foi mais... hmn... você lembra daquela vez que você mandou uma mensagem, dizendo que tinha algo pra me perguntar, mas sem explicar o que era? Foi a mesma sensação. Nos conhecíamos tinha pouco tempo. Nos encontramos na praça, naquele dia, eu com minha camisa da Nossa Senhora e você com cara de quem tinha saído de uma sessão de tortura, haha. Não lembro se você disse algo demais, mas lembro da expectativa que senti desse encontro. Nos dois casos, tinha uma coisa em comum: eram momentos importantes. Para mim, ao menos.

Ah, mas balé não era só apresentação e frio na barriga. Tinha ensaio. E dos ensaios, sempre sair dolorida, cansada, exausta... e satisfeita. Poucas coisas do meu esforço compensavam tanto quanto ensaiar no balé. Fazer alongamentos, exercícios, passos, ouvir quinhentas vezes o mesmo trecho duma música lenta só para aprender uma transição perfeccionista.... Doía. No final, muitas vezes já cheguei em casa apenas torcendo pra encontrar minha cama depois de um banho.                              

E na semana seguinte, mesma coisa. Mesma coisa, mesma coisa, até que eu percebia que nos alongamentos, estava conseguindo mais flexibilidade. Nos exercícios, mais força e velocidade, nos passos, mais sincronicidade, mais domínio. Era uma evolução lenta, mas incrível. Sinto falta dessa noção de que o esforço vale a pena, sabe?

E... pra não perder a comparação, contigo também teve coisas que doíam. Aquela mensagem que você demorava anos pra responder doía mais que chegar em casa com as pontas dos pés arrebentadas de ensaio. Ficar semanas sem te ver me cansava tanto quanto repetir dezenas de vezes o mesmo movimento. E quando você falava daquela K... ah, aí não tem nenhuma dor pra comparar. Era pior que tudo.

Só que, a fim de comparação, posso dizer que até dessas dores, aprendia. Você sabe, né?

Sinto falta do balé. Sei por quê.

E de você? Haha, tenta descobrir =)