Quando o encontrei após subir as escadas, ele disse:
- Acho que você já sabe o que tá acontecendo, certo?
- Bombas, sei. Só que só sei os fatos, mas não sei os motivos. E cadê a Jess, D.? E cadê o resto do pessoal dessa casa?
- Ela não tá aqui agora não... - disse ele. Encarei-o , incrédulo... - Mas não se preocupe, ela já está voltando. - completou ele ao ver minha cara de "e o que você tá fazendo aqui, sozinho na casa dela e com ninguém em casa?"
- Hmn... e como você veio parar aqui, e no mais, ainda ficar aqui sozinho? - perguntei pra ele.
- É uma boa e longa história.
- E se você não se importa, espero que me conte ela. - respondi de imediato
- Não posso, ainda.
Olhei pra ele...
- D. , o que tá acontecendo?
Ele suspirou...
- Hmn... vejamos... você se lembra, há algum tempo, do Clube da Luta?
- Aham... - respondi
- Pois bem. Sabe que os objetivos deles sempre foram abalar a sociedade burguesa, certo? Usando táticas de, hmn..., como ela costuma dizer, de terrorismo poético.
- Tá, mas explodir bombas não tem nada de poético.
- Nisso eu discordo - ele disse. - Mas enfim...
- O Clube da Luta algumas vezes dava em merda... mas explodir bombas, num país inteiro..
- Mas enfim... - ele repetiu, me cortando - o Clube da Luta conseguiu a única coisa que faltava... se organizar pra fazer algo realmente capaz de chegar a sua máxima... abalar.
"A constituição tem uma brecha interessante. Ela prevê que se 50% das urnas sofrerem anulidades ( e convenhamos, explodir urnas eletrônicas é um modo de faze-lâs sofrerem anulidade) a eleição é cancelada. Só que a constituição não prevê o que acontece se até o dia da posse dos novos eleitos não tiver sido realizada nenhuma eleição.
Sabe o que isso significa?
Que o país fica nas mãos de ninguém."
- Mas não é isso que vai acontecer... seria bom demais se acontecesse assim, mas não é isso que vai acontecer.
- Eu sei. - D. falou - Mas eu não sei realmente a intenção verdadeira de quem organizou o pessoal dos Clubes da Luta pelo país inteiro. E na verdade, nem esperava que explodissem as bombas mesmo. Mas eles conseguiram.
- Como eles fizeram isso, D.?
- Você fica sozinho numa cabine pra votar. Já viu alguma medida de segurança, algum detector de metal? Então, eles aproveitaram essa falha.
- Tá, mas organizar tanta gente.. isso é quase impossível.
- É.
Houve então um silêncio meio constrangedor... eu olhei pra baixo, pensando.
Ele também.
- D., quem foi que explodiu as bombas aqui em Bom Jardim?
- Não posso dizer.
- Não foi ela, não né? Ela pode ser presa!
Ele só ficou quieto.
- Puta que paril! - exclamei. - E agora?
- Eu nunca soube como responder essa pergunta... espera que eu a responda agora?
- x -
Eu sei que esse final tá muito sem final, mas por enquanto (e provavelmente pra sempre) vai ficar assim. Sorry to all.
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