sexta-feira, 9 de abril de 2010

Churrasco do Robertinho na Idade Média!

"Merda! Cadê o meu arco?"

Dava pra ouvir isso, alguém que eu não reconhecia a voz clamando por um objeto perdido. Não reconhecia a voz. Na verdade, eu não reconhecia porra nenhuma, só reconhecia estar com uma dor de cabeça desgraçada, que toda vez que eu me forçava pra me concentrar em algo, doía feito uma machadada.

"ô Fernandinho, se viu meu arco?"

Acho que ele tá falando comigo.

"Ein, demônio? Você viu meu arco?"

Ah, reconheci o dono da voz. Bernardo, o arqueiro. Me esforcei pra não xingar ele.

"Sei lá, porra.Tá precisando tanto dele assim?"

"Tô não, bardo filho da puta, tô procurando ele porque me divirto procurando as coisas." respondeu ele num tom de puro sarcasmo.

"Ah tá. Bom pra você."

"Hey" ele disse, parando de repente. "Se ouviu isso?"
"Hã?" disse eu. Não sou o arqueiro de sentidos treinados droga, e ainda tô com ressaca. Como ele espera que eu tenha ouvido algo?

"Droga!" praguejou ele. "Acorda todo mundo. Agora!"

"Que houve?"

"Vai, porra! Acorda todo mundo!"

Ele tava usando um tom sério demais pra ser uma piada. Uma onda de eletricidade passou pelo meu corpo enquanto o coração disparava e a adrenalina tomava conta dos meus sentidos. Seja lá o que ele tenha ouvido, parecia algo sério demais. Levantei-me do toco de tronco que estava sentado e corri no mesmo ritmo que ele, só que ele foi em direção as tendas na floresta enquanto eu fui pro chalé da campina.

Quando cheguei na porta do chalé, parei pra puxar uma golfada de ar e a cabeça ameaçou explodir.Dionísio, alivia essa dor de cabeça pra mim, orei baixinho.

Um, dois, três, contei comigo mesmo. Chutei a porta duma maneira teatral e berrei:

"Acorda, porra!"

Ouvi resmungos como resposta. Precisei gritar mais três vezes até eles entenderem que tinham que acordar.

Então, um outro chute na porta foi mais efetivo em despertar aqueles dorminhocos do que meus berros. Pena que o chute não era de um amigo.

Dois homens saltaram da porta brandindo espadas, usando armaduras de combate. A adrenalina tomou conta de mim. Adrenalina e terror.

Eles partiram pra cima, aproveitando a vantagem de estarem prestes a matar oito homens desarmados e sonolentos.

Recuei, sem poder reagir... enquanto recuava, tombei num dos idiotas que durmia no chão e cai por cima dele. não dava pra reconhecer quem era, mas seja quem for, logo após eu ter tropeçado nele, ele deu um pulo pra se por de pé, e ao mesmo tempo, sacou um facão que estava embaixo dele.

Reconheci Suel por causa disso, só ele seria maníaco suficiente pra durmir com um facão ao lado.

E esse lado maníaco dele salvou nossas vidas.

Os homens brandindo as espadas avançaram com tudo pra cima do Suel. O primeiro tentou um golpe em direção a cabeça dele, enquanto o segundo partiu pra cima dele tentando uma estocada com a ponta da espada. Suel se abaixou, mas não pode aparar a ponta da espada que atravessou sua barriga. Suel ainda conseguiu esticar o braço e acertar a garganta do soldado que o havia ferido, entretanto o outro soldado levantou sua espada e desceu na vertical num golpe impiedoso.

Mas a espada não acertou Suel em cheio, pegando de raspão pelo seu ombro e arrancando uma lasca de pele e sangue. E quando olhei, Dudu havia se levantado e acertado um soco muito bem dado no soldado. Isso fez o soldado largar sua espada. Dudu a pegou e partiu pra cima do soldado caiu e impalou ele com a espada, fazendo jorrar sangue no seu rosto. Deu cinco, seis golpes, sete... dava pra ver Dudu tremendo em cada golpe, por causa do ódio.

Suel sangrava muito, e eu fui ajudá-lo. Ele estava realmente ferido, com rosto completamente pálido, e não havia muito o que fazer. Na verdade, ele nem precisou da minha ajuda. Outros dois soldados emergiram da porta e enquanto Dudu aparava o golpe de um, Suel se levantou num pulo e foi correndo pra cima do outro.

Ele ia morrer daquele jeito com aquela investida, mas não parecia ligar a mínima, devido o frenesi do combate.

Novamente, salvaram Suel. Um assobio de um flecha cruzou os ventos e a logo jorrava sangue da garganta do guerreiro que estava prestes a matar Suel. O guerreiro nem reagiu; Suel enfiou seu facão no estômago do guerreiro e levantou com força, levantando o corpo do guerreiro junto. Dudu contra o outro soldado só precisou defender dois golpes também; Germano arremeçou uma cadeira que havia encontrado na cabeça do guerreiro, o que o distraiu suficiente pra Dudu enfiar a espada no peito dele. O guerreiro num último golpe desesperado ainda balançou a espada e acertou o braço direito do Dudu, mas o corte não foi profundo.

Dionísio tinha atendido minha prece; a dor de cabeça tinha passado. Em compensação, eu já não sentia nada, exceto o cheiro forte de sangue. Eram quatro mortos em menos de um minuto e Suel estava bastante ferido. Mas Suel não parecia ligar pra isso... Ele simplesmente deu um grito de raiva e saiu correndo pela porta. Germando catou a espada do cara que Dudu havia acabado de matar e correu atrás de Suel. Dudu foi atrás dos dois.

O pessoal que estava nos outros aposentos do chalé apareceram naquele hall de entrada... eles falavam comigo, mas eu estava mais concentrado em identificar em que estava acordado... Gordão, Borosky, Tiaguinho, o Alex e Waguinho.

"Caralho! Que tá acontecendo?"

"Estamos sendo atacados" sussurei...

Me sacudiram perguntando o que eu disse... aí a adrenalina virou raiva e eu gritei.

"ESTAMOS SENDO ATACADOS, PORRA! PEGUEM ARMAS, O PESSOAL TÁ MORRENDO LÁ FORA!"

Deve ter sido convicente, pois até Waguinho, se pudesse ter ficado pálido, o teria feito.

Levantei-me e o frenesi tomou conta dos recém-acordados também. Peguei uma adaga que estava amarrada num dos soldados mortos e atravessei a porta.

E então me dei conta que a luta mal começara.

-x-

(continua no próximo episódio...)

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