segunda-feira, 19 de abril de 2010

DoTA! DoTA! DoTA! - Continuação.

Tum, tum.



A loira ouvia seu próprio coração pulsar. Ela prendia a respiração e mantinha os olhos bem fechados. Sentiu a terra em seus pés tremer.

Tum, Tum.

Tum, Tum.


O tremor ganhou força. A loira sentiu seus joelhos cederem.

E tudo começou a pressioná-la. Como se o ar tivesse virado chumbo.

Não vou gritar., prometeu pra si em pensamentos.

O ar foi ficando muito mais pesado do que chumbo, e uma queimação devido a sensação de esmagamento tomou conta do corpo dela. O tremor começou a sacudi-la, o que doía mais ainda, trazendo-lhe a sensação não só de estar sendo esmagada, mas sendo esmagada por milhões de pequenas agulhas atravessando cada parte íntima do seu corpo.

Não vou gritar.

Agora sentia o gosto do próprio sangue na boca. E seus ossos todos pareciam estar a beira de esfalerar. Cada músculo queimava, sendo comprimido pela habilidade monstruosa daquele escorpião.

Quando achou que estava no limite da dor, sentiu algo como cordas invisíveis enroscando-lhe as costas. Diante de tanta dor, isso era uma sensação agradável. Um alívio. E ela sentiu sendo puxada pelas cordas invisíveis.

Então assim é a morte? Depois da dor, cordas invisíveis removendo a alma do corpo?

...

E se eu abrir os olhos, será que agora vou ver anjos?


A loira abriu os olhos. Viu uma cena completamente desfocada. Um vulto escuro... uma árvore arremeçando pedras, um escorpião gigante, e a terra que parecia criar vida.

Não era eu quem deveria estar ali aos pés do escorpião?

A dor impedia a pequena loira de entender a situação. Ela olhou pras próprias mãos; sangrava. Estavam raladas.

Venge!

Ela entendeu as cordas. Vengeful havia utilizado de sua habilidade de instântaneamente trocar de lugar com qualquer pessoa, salvando a loira.

Mas ao mesmo tempo, se sacrificando.
Rylai não conseguiu gritar. A visão dela ficou embaçada, mas não pela dor.

Eram pelas lágrimas que escorriam dos olhos da pequena loira.

Ela via aquele pequeno vulto negro sendo esmagado completamente pelo escorpião, e sepultado por rochas mágicas que surgiam da mão da alma atormentada atrás de ambos.

Não! Não!

A dor da perda havia se tornado maior do que a dor física... e a loira desesperada corria em direção aquela cena.

Seus instintos foram tomando conta da situação.

Sua mão livre sacou a Adaga de Kelen. Ela fez o gesto mágico de rodar aquele artefato nas próprias mãos incosncientemente. Ela teve a sensação por um momento, como se tivesse dado dum salto. Seu corpo desapareceu e reapareceu entre a alma atormentada e o escorpião.

Rylai viu também o Magina. Ele havia aparecido ao lado da alma atormentada, no mesmo momento que a Rylai tinha usado a Adaga de Kelen. Magina golpeava furiosamente a alma atormentada. Cada golpe dele rasgava não só a energia vital daquele ser, mas talhos de energia escapavam junto com o que em seres normais seria sangue.

Rylai ergueu seu cajado...

Concentração.

A loira sentiu as suas feridas. E a raiva.

A temperatura caiu. Rylai sentiu seu sangue esfriar, intensamente, mas tão intensamente, que até o ar em sua volta resfriava junto. Até seus olhos esfriavam com o processo. Por dentro, ela se sentiu congelar.

Por fora, suas lágrimas congelaram.

O escorpião voltava ao tamanho normal e rastejava em direção da pequena loira, provavelmente sendento pelo sangue dela e pra terminar o que fora interrompido pela Venge.

Um pequeno floco de gelo caiu nos olhos do escorpião. Ele estava a quatro caudas de distância dela.

Depois, um pedregulho de gelo gigante acertou-o. E outro. E outro. E outro.
Uma tempestade de gelo começara em torno da pequena loira, acertando apenas os seus oponentes com pedregulhos de gelo.

O frio mágico aliviara a dor da loira, enquanto ela invocava aquela tempestade de gelo. Era como um sopro resfriando cada ferida dela.

Estava no seu limite e não poderia expandir mais a tempestade.Estava frio demais, até pra ela, acostumada com o frio. Em questão de instantes, o escorpião foi completamente esmagado pelo gelo, e com o escorpião sepultado no gelo, a alma atormentada tentava fugir, imponente perante a tempestade. Magina colado nela, brandia suas lâminas e arregaçava aquele ser de porrada. Em reação, a alma atormentada começou a brilhar intensamente. O ar se contorceu e estalou, soltando faíscas que pipocavam e ricocheteavam no Magina.

Rylai perdeu a concentração do que estava fazendo, e apenas observava o Magina agora.
Magina insistia, desaparecendo e reaparecendo na frente da alma atormentada, pra golpeá-lo novamente. A alma atormentada brilhava, enquanto explosões mágicas iam queimando o Magina.

Rylai sabia o que o Magina queria: O momento certo para o Mana Void;
O golpe mágico dele que fazia a ausência de energia do adversário voltar-se contra si mesmo.

E era isso que a alma atormentada estava fazendo, esvaziando completamente sua energia contra o Magina.

Mas era bem óbvio o que o Magina pretendia.

A alma atormentada conhece as habilidades dele. Ela não iria ser tão idiota.

Os pensamentos da Rylai foram a mil por hora.

- MAGINA, VOLTA!

Magina desapareceu...

Mas reapareceu de novamente do lado da alma atormentada.

- Magina! VOLTA! É uma arma...

Rylai não precisou nem terminar de gritar. O ar por trás do Magina ganhou vida e cor... Uma criatura até então invisível acompanhava o combate.Por trás do Magina surgiu um besouro gigante que golpeou-o com as garras.Um corte profundo nas costas do Magina. Ele foi ao chão, desnorteado. A alma atormentada aproveitou a oportunidade pra se vingar; virou-se, jogou um raio na cabeça do Magina, enquanto as explosões dele queimaram mais intensamente naquele cara caído no chão. O besouro finalizou o Magina com o Impale; um golpe mágico que invocava vários espinhos gigantes do chão, como lâminas de uma lança.

Rylai correu, chorando novamente.

- RYLAI, ESPERA!

Ela parou, surpresa com o grito; conseguiu ouvir o besouro dizer "vamos dar o fora daqui." A pausa dela deu vantagem pros dois inimigos, que corriam, indo embora. Ela olhou pra trás.

Treant havia aparecido. Gigante, era como um gêmeo da árvore que a Rylai estivera defendendo. Só que seus olhos eram profundos, expressivos. Como se tivesse passado uma eternidade refletindo sobre a vida e tivesse visto milhões de coisas que não gostava de lembrar.

A loira caiu de joelhos no chão. Colocou a mão sobre o rosto, pra escondê-lo, deixando o cajado e a adaga caírem no ato. Enquanto isso, a alma atormentada e o besouro fugiam, levando o corpo imóvel do Magina com eles.

- Rylai, vamos... - ouviu a voz grave, arrastada, do Treant. Sentiu ele se movendo em direção a ela... Aquela árvore gigante era tão pesada que cada passo seu podia ser sentido no chão.

E sentiu o cheiro de flores também, enquanto suavemente uma armadura de folhas envolvia ela. Aquela armadura, criada magicamente pelo Treant, era reconfortante fisicamente. Mas o cheiro de flores apenas a fez chorar mais, pelo pesar.

A loira sabia que Treant já estava ao lado dela.

- Roof, eu, eu... o Magina... - ela soluçava.

- Vamos pra casa, Rylai. Depois você diz o que aconteceu. Vamos só pra casa agora.

Aquela árvore gigante graciosamente pegou a pequena loira no colo. Rylai mantinha os olhos fechados. Nisso, a loira desmaiou chorando.

-x-

Do outro lado daquelas florestas densas, verdes e cheias de vida, um ser sentado num trono congelado esperava.

Esse lado era dominado por tal ser. Esse lado, conhecido como Scourge, não tinha vida. Árvores mortas, chão seco e frio e sombras eram a marca registrada daquele lugar. Eram, além, marca registrada do ser que dominava aquilo.

O ser ao trono observava. Uma alma atormentada, que quando viva era um centauro, acompanhada por um besouro gigante aproximara-se dele.

- Milorde. Missão cumprida. Entretanto, tivemos que bater em retirada. Aquela puta gelada conseguiu nos atrapalhar. - Lesrach dizia enquanto fazia uma reverência pro ser sentado ao trono.

O Lich King, o ser que estava sentado em seu trono, olhava os dois servos e o prêmio que haviam trazido.

- Excelente. - disse com sua voz congelante.

- O Sand King não sobreviveu, milorde. - dessa vez quem falava era o Anub'arak, o assassino Nerubian.

- Irei ressuscitá-lo, em breve. - O Lich King ria, sem se importar com isso. - Anub'arak, e os espiões?

- Foram implantados com sucesso. Senhor, quão em breve irá ressuscitar o Sand King? Ele era meu primo.

- Basta! - A voz imponente do Lich King atravessou a Scourge como uma nevasca. - Já disse que irei ressuscitá-lo, e não toque mais no assunto.

Anub'arak baixou os olhos, disfarçando a raiva que sentia.

-Sim, milorde.

-Levem esse corpo para o Terror Blade. Acho que ele tem assuntos pra resolver com nosso refém. - ordenou o Lich King.

-Sim, milorde. - Lesrach e Anub'arak concordaram em uníssono.

Os dois se afastaram. Uma mulher, sensual, aparecera num piscar de olhos ao lado do trono do Lich King.

- Minha cara Akasha, está pronta? - perguntou o Lich King.

A mulher sussurou algo ao ouvido dele. Era pálida, sua pele tinha um tom azulado, como se fosse um defunto, mas ainda era notávelmente bela. Tinha cabelos e olhos negros.

- Chame Leoric pra acompanhá-la. Você sabe o que fazer.

A mulher sorriu, maldosamente.

-x-

Continua, eu acho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário